Os dois sabiam muito bem como ela se tinha enredado naquele turbilhão. A mãe morrera.
E Sabrina era a que vinha logo depois dela, na qualidade de filha mais velha. Além disso,
era dotada de uma personalidade que lhe fazia chamar a si os problemas das outras
pessoas e tentar resolvê-los, por pior que fosse o impacto na sua vida. Sabrina também se
comportava assim no emprego. E independentemente do que Chris dissesse, ou por mais
que ele a incitasse a levar as coisas com calma, Sabrina fazia sempre mais alguma coisa em
benefício de outra pessoa qualquer. E a única pessoa que sempre se ressentia e que nunca
via as suas necessidades satisfeitas era ela mesma e agora também ele. Mal conseguiram
ter os dois cinco minutos de paz sozinhos nas últimas três semanas e meia, desde que
ocorrera o acidente. Chris entretinha o pai de Sabrina e cozinhava para a família inteira
todos os fins-de-semana e Sabrina fazia tudo o resto. De repente, os dois
transformaram-se nos pais de uma família numerosa, tomando conta de muitas crianças,
com a excepção de que todas elas, por uma ou outra razão, eram adultos disfuncionais.
Sabrina sentia-se como se a sua família e a sua vida estivessem a desmoronar-se. Mas,
pelo menos, Chris continuava por perto. Tammy avisara-a de que ele deixaria de ficar por
perto, se Sabrina não se acalmasse e não abrandasse o ritmo. Era muito fácil para ela
falar, vivendo na Califórnia a quase cinco mil quilómetros de distância, enquanto Sabrina
dirigia as operações e apanhava os cacos que iam caindo pelo caminho. Sentia como se a
sua vida, outrora ordeira e organizada, se tivesse estilhaçado em mil pedaços à sua volta.
Sabrina deitou-se no sofá e começou a chorar.
— Vá lá — disse-lhe Chris, então. — Vou pôr-te na cama. Estás arrasada. Podes acabar de
empacotar as coisas amanhã.
— Não posso. Os homens das mudanças vêm buscar os objectos para levar para o
depósito e tenho de voltar para casa do meu pai amanhã à noite.
— Então, eu faço isso. Está resolvido. Hora da caminha. Sem discussão — disse Chris,
pegando-lhe na mão, arrastando-a do sofá e levando-a para o quarto. Chris despiu-a e
Sabrina sorriu-lhe. Não havia dúvida de que ele era o melhor homem do mundo. Sabrina
estava a sentir-se um pouco tonta por causa da cerveja que bebera com o estômago vazio.
— Amo-te — disse Sabrina, subindo para a cama vestida com uma tanga e nada mais.
Fora Candy quem lha oferecera. Sabrina nunca comprava coisas daquelas para si. E Chris
adorou.
— Também te amo. E adoro isso também — disse ele, tocando na tanga preta de renda.
— Assim que vocês se mudarem, vou levar-te para passarmos um fim-de-semana longe de
todos. Estamos a transformar-nos num casal de velhinhos. As tuas irmãs terão que
arranjar-se sem nós durante dois dias.
Sabrina também sabia que precisava de passar algum tempo com Chris. Era mais do que
justo. Não tinham tido um minuto de sossego a sós desde que a mãe morrera e, quando
caía na cama à noite, estava demasiado cansada para pensar sequer em fazer amor, além
de que se sentia demasiado triste também. Sabrina ainda estava de luto profundo pela
mãe, assim como toda a sua família. Chris entendia isso, mas sentia saudades da vida que
ambos levavam antes de tudo aquilo ter sucedido. Sabia que, mais cedo ou mais tarde, as
coisas acabariam por melhorar, mas era difícil prever quando, em especial dada a
magnitude do problema de Annie.
E também não sabia muito bem ainda como seria ficar com Sabrina, assim que ela e as
carla scalaejcves
(Carla ScalaEjcveS)
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