vez. Tudo aquilo era tão triste para Annie e, bem vistas as coisas, estava a suportar muito
bem a sua nova condição.
— Eu nunca mais vou namorar ninguém — declarou Annie com firmeza.
— Não sejas estúpida — respondeu-lhe Candy em tom duro. — É claro que vais. És linda.
— Não sou nada. E, aliás, isso não vem ao caso. Ninguém vai querer namorar comigo
neste estado. Seria patético.
— Não — respondeu Sabrina com calma — seria mais patético se desistisses da tua vida
na tua idade. Tens vinte e seis anos. És inteligente, bonita, talentosa, bem-educada, muito
viajada e és uma companhia divertida. Qualquer rapaz seria um sortudo se pudesse sair
contigo, quer tu possas ver, quer não. Tens muitos outros atributos que compensam a tua
cegueira. Qualquer homem que preste não vai importar-se se tu vês ou não. E os outros
que se lixem.
— Bem. Talvez — disse Annie pouco convencida.
Já conversara sobre este assunto com a Dra. Steinberg. Annie não conseguia imaginar-se a
namorar outra vez, nem acreditava que algum homem a quisesse no estado em que se
encontrava agora.
— Concede a ti própria um tempo, Annie — disse-lhe Sabrina com doçura. — Acabaste de
romper com um rapaz, nós perdemos a mãe, ficaste ferida no acidente. É muita coisa para
assimilares de uma vez.
Além disso, a carreira por que estudara a vida inteira voara pela janela. Todas elas
estavam cientes desse facto. Toda a sua nova vida constituía uma adaptação importante.
Era mais do que a maioria das pessoas conseguia suportar na sua vida. E tudo aquilo lhe
acontecera da noite para o dia.
As raparigas instalaram-se nos seus quartos nessa noite. Annie estava deitada na cama,
quando o seu telemóvel, que colocara na mesinha-da-cabeceira, tocou; por uma fracção
de segundo desejou que fosse o Charlie, dizendo que mudara de opinião, que largara a
outra rapariga e que a desejava de volta. Mas se fosse esse o caso, que iria dizer-lhe?
Esteve quase para não atender, mas por fim decidiu-se a isso. A chamada estava
identificada, mas Annie não podia ver o remetente.
— Está lá? — atendeu Annie, hesitante, e depois ficou surpreendida ao perceber que era
Sabrina a ligar-lhe do seu quarto no andar de cima.
— Só liguei para te desejar boa-noite e dizer-te que te amo — disse-lhe a irmã, bocejando.
Sabrina tinha estado a pensar em Annie e decidiu telefonar-lhe antes da irmã adormecer.
— És doida, mas eu também te amo. Por um segundo, pensei que era o Charlie. Fico
contente por não ser.
Provavelmente, aquilo não era verdade, mas Sabrina ficou bastante comovida por Annie o
ter dito e lamentou muito que Annie fosse obrigada a enfrentar tamanhos desafios. Não
era nada justo.
— Gosto da nossa casa nova — declarou Annie em tom alegre, feliz por ter alguém com
quem conversar.
Andava a sentir-se muito sozinha.
— Eu também — respondeu Sabrina.
Gostaria que Chris tivesse ficado para dormir consigo nessa noite, mas era divertido estar
com as irmãs.
carla scalaejcves
(Carla ScalaEjcveS)
#1