estavam completamente entrelaçadas. Charlie afirmava muitas vezes que a amaria acima
de qualquer coisa, não importava o que acontecesse. Mesmo que ela ficasse gorda, velha,
mesmo que perdesse os dentes, o talento ou o juízo. Annie rira-se das palavras dele e
garantiu-lhe que faria todos os possíveis para não perder nem os dentes nem o juízo. O
que interessava a ambos acima de tudo era a sua arte.
Então chamaram para o voo dela e ambos se beijaram uma última vez antes de Annie
partir. Ela acenou antes de desaparecer pela porta de embarque e a última coisa que viu
dele foi um rapaz alto, bem-parecido e jovem acenando-lhe com uma expressão de desejo
e de saudade nos olhos. Annie não o convidara para ir consigo desta vez, mas estava a
pensar fazê-lo na viagem de Natal, em especial se o regresso dele estivesse próximo nessa
altura. Annie queria que Charlie conhecesse a sua família, muito embora as suas irmãs
conseguissem, por vezes, ser um pouco opressivas e dominadoras. Todas elas tinham
opiniões fortes, em especial Sabrina e Tammy, e eram todas muito diferentes de Annie e
da vida que levava. Em muitos aspectos, tinha mais coisas em comum com Charlie do que
com elas, apesar de amá-las mais do que a si mesma. O elo fraternal era sagrado para
cada uma delas.
Annie instalou-se no seu assento para um voo curto até Paris. Ficou sentada ao lado de
uma senhora de idade que lhe disse ir visitar a filha que morava em Paris. Depois de
aterrarem, Annie deambulou pelo aeroporto de Paris. Charlie ligou-lhe para o telemóvel,
assim que ela o ligou depois do voo.
—Já estou com saudades tuas — disse Charlie num tom pesaroso. — Volta. Que vou eu
fazer sem ti durante uma semana?
Não era nada típico de Charlie ser assim pegadiço e Annie sentiu-se comovida por ele se
mostrar assim agora. Tinham ficado tanto tempo juntos, que esta viagem se revelava
difícil para os dois. Isso fê-la perceber o quanto os ligava um ao outro.
— Vais ver que te vais divertir em Pompeia — tranquilizou-o Annie — e eu vou estar de
volta dentro de poucos dias. Vou trazer-te um pouco de manteiga de amendoim —
prometeu ela.
Desde que chegara a Florença que Charlie se lamentava das saudades que sentia dessa
iguaria. Não havia nada nos Estados Unidos de que Annie sentisse a falta, com excepção
da família. Por outro lado, adorava viver em Itália, e nos últimos dois anos adaptara-se por
completo à cultura, à língua, aos hábitos e à comida. Na verdade, agora era sempre para
ela uma espécie de choque cultural quando regressava. Sentia mais saudades da Itália do
que dos Estados Unidos e, em parte, essa era uma das razões por que desejava ficar.
Sentia-se tão à vontade naquele país, como se ele estivesse destinado a ser o seu lugar no
mundo. Detestava ter de deixar tudo para trás, caso Charlie insistisse para que ela
voltasse para os Estados Unidos com ele, dentro de seis meses. Sentia-se dividida entre o
homem que amava e um lugar onde se sentia tão confortável e à vontade como na sua
própria pele, como se ali tivesse morado toda a vida. Além disso, o seu italiano também
era fluente.
O voo da Air France partiu do Aeroporto Charles de Gaulle à hora prevista. Annie sabia
que Candy partira desse mesmo aeroporto seis horas antes, mas Candy não quisera
esperar para ir no mesmo voo que Annie, em grande parte porque Candy viajava em
primeira classe e Annie viajava na classe económica. Todavia, Candyera auto-suficiente e
carla scalaejcves
(Carla ScalaEjcveS)
#1