independente e capaz de cuidar de si mesma.
Tammy teve de admitir que o esquema estava a resultar, mas não deixava de ser uma
dura prova de amor. Além disso, era muito frequente Candy ficar do lado de Annie, não
entendendo a motivação que estava por detrás de tudo aquilo e chamava cabra a Sabrina.
Para Annie, Sabrina era um polícia, um polícia dos maus, e Tammy servia como mediadora
na maior parte das vezes. Contudo, Annie estava a tornar-se outra vez uma mulher
independente, vendo ou não vendo. E já não sentia medo de sair e de enfrentar o mundo.
O supermercado, a drogaria e a loja de ferragens já não a amedrontavam, cega ou não.
O seu maior problema era não ter qualquer vida social. Annie não tinha amigos em Nova
Iorque e mostrava-se tímida quando saía de casa. Sempre fora a menos sociável das irmãs
e também a mais introvertida, passando horas sozinha a fazer esboços, a desenhar e a
pintar. O facto de perder a visão isolou-a ainda mais. As únicas vezes que saía de casa era
com as irmãs e elas envidavam todos os esforços para saírem com Annie. No entanto, era
difícil. Candy levava uma vida louca entre fotógrafos, modelos, editores e pessoas do
mundo da moda, e Sabrina e Tammy consideravam a maioria deles companhias
inadequadas para a irmã, mas aquelas eram as pessoas que trabalhavam no seu ramo e
era inevitável que Candy saísse e convivesse com elas. Sabrina trabalhava até muito tarde
e queria passar algum tempo com Chris e ambos estavam demasiado cansados para
saírem muitas vezes durante a semana. Quanto a Tammy andava a viver horas de perfeita
loucura no seu novo emprego, que apresentava tantas ou mais crises que o seu antigo
emprego em Los Angeles. Por conseguinte, na maior parte do tempo, Annie não tinha
ninguém com quem sair e ficava em casa. Era para ela bastante complicado sair para
jantar fora com as irmãs uma vez por semana, o que todas concordavam não ser
suficiente para Annie, mas também não sabiam como resolver o problema. Além do mais,
Annie insistia em afirmar que gostava de ficar em casa. Estava a começar a ler em braille e
passava várias horas com os auscultadores nos ouvidos, a ouvir música e a sonhar. Aquela
não era uma vida plena para uma mulher de vinte e seis anos. Precisava de conhecer
pessoas e de ir a festas e a outros lugares; precisava de amigas e de um homem na sua
vida, mas nada disso estava a acontecer-lhe, e as irmãs receavam que nunca fosse
suceder. Annie não o confessava às irmãs, mas também pensava o mesmo. A sua vida
tinha acabado tal como a do pai, que ficava sentado na sua casa em Connecticut, na
maioria das vezes a chorar pela morte da mulher. Sabrina e Tammy preocupavam-se com
os dois e gostariam de fazer alguma coisa por eles, mas nenhuma das duas tinha tempo
para isso.
A vida de Tammy era uma perfeita loucura. Tal como Tammy mais tarde se apercebeu,
Irving Solomon basicamente queria entregar nas suas mãos a responsabilidade total pelo
programa e deixá-la resolver todos os problemas. Ele passava metade da semana na
Florida e ia jogar golfe sempre que podia. Solomon sentia-se cansado e queria reformar-se
cedo, mas o programa era para ele uma mina de ouro. Quando Tammy tentava discutir
com ele certos problemas relacionados com o programa, Solomon enxotava-a do seu
gabinete e dizia-lhe que já enfrentara problemas maiores e mais complicados no seu
programa anterior, por isso só teria que resolver mais esses. Confiava nela em absoluto.
— Merda, que esperam aqui que eu faça? — queixou-se Tammy um dia ao produtor
associado. — Estou a dirigir um programa onde as pessoas se desancam na televisão, e
carla scalaejcves
(Carla ScalaEjcveS)
#1