isso por dizer. Vocês fazem de nós estúpidos.
— Não acho. O público adorou-vos e as nossas audiências foram as melhores que tivemos
a semana toda.
A mulher dele estava a chorar algures nos bastidores, porque viera à tona que ele fora
para a cama não só com a melhor amiga dela mas também com a sua irmã, o que ela
desconhecia. Esta relação podia ser salva? Esperemos que não. A mulher dele também
fora para a cama com o irmão do marido e com toda a vizinhança, excepto o cão, para se
vingar dele. Na opinião de Tammy todos eles deviam ir para a cadeia, onde "Jeff" já
estivera por duas vezes, condenado por agressão física. Afinal, que estavam eles a fazer no
programa? E por que razão estava ela a produzir uma coisa daquelas? Essa era a
verdadeira questão. Foram precisos vinte minutos para dissuadi-lo. Nessa altura, a polícia
já havia sido chamada e o homem estava a ser levado algemado, o que daria uma
manchete no New York Post do dia seguinte. E, é claro, isso só ajudava a fazer subir as
audiências. Tammy não tinha qualquer espécie de dúvida a esse respeito. Era um
programa nojento, que alimentava os piores e os mais baixos instintos do público.
Bisbilhotavam os relacionamentos e a intimidade dos quartos de dormir das outras
pessoas e o que viam, fascinava-os. Na maioria das vezes, tudo aquilo enojava Tammy.
— Bem, foi divertido — comentou ela com o assistente, ao regressar ao seu gabinete,
sentando-se à secretária, mas continuando com uma cara bastante pálida. — Quem é que
selecciona este raio de gente e onde é que vão buscá-los? À comissão de liberdade
condicional da prisão de Attica? Não achas que poderíamos fazer um trabalho um
bocadinho melhor se selecionássemos estes atrasados antes de os pormos no programa e
os enfurecermos?
Tammy armou um escarcéu sobre o caso na sua reunião de produção seguinte e o
produtor associado desfez-se em desculpas. Na verdade, o apresentador já fora alvejado
uma vez no passado. Conseguira por causa disso um gigantesco aumento de salário e o
cargo era agora considerado de alto risco.
— Mas o que estou eu a fazer aqui? — perguntou Tammy a si mesma quando saiu da
reunião e Désirée lhe saiu ao caminho de surpresa.
Esta disse que adorava o seu novo guarda-roupa, mas não poderia Tammy ponderar na
hipótese de falar com Oscar de la Renta para que este lhe desenhasse um guarda-roupa
exclusivo só para ela? Adorava as roupas dele. Há menos de um mês andavam a vesti-la
com os restos dos saldos da Payless e agora ela queria que Oscar de la Renta lhe criasse
um guarda-roupa exclusivo. Estavam todos doidos.
— Vou tentar, Desi. Mas talvez este não seja o tipo de programa da preferência dele.
Em especial se os participantes tivessem de ser arrastados para fora das instalações
algemados depois de cada emissão. Tiveram um incidente menos traumático no dia
anterior, quando uma esposa esmurrara o marido em directo e lhe partira o nariz.
Espirrara sangue por todo o lado. O público soltara urros de puro deleite.
— Gostei muito do vestido que usaste hoje.
— Eu também — respondeu ela, parecendo satisfeita. — Também adorei o de ontem.
Mas aquele idiota sujou-o todo de sangue. Eu só me limitei a dizer nos bastidores que
achava que a mulher dele era lésbica. Nunca pensei que ele fosse dizer-lhe aquilo no
programa. Além disso, foi ela mesma que me contou que era, só não queria que ele
carla scalaejcves
(Carla ScalaEjcveS)
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