CAPÍTULO 21
Na segunda-feira, depois do fim-de-semana de Acção de Graças, a vida voltou ao normal.
Sabrina e Chris foram juntos para o emprego, Tammy tinha de apressar-se para chegar a
horas a outra reunião na estação televisiva. E Annie foi de táxi para a escola. Estava a fazer
planos para começar a apanhar o autocarro muito em breve, mas ainda não se sentia
preparada. Andava na Parker School há três meses. As coisas estavam um pouco mais
complicadas nesse dia, porque nevara na noite anterior, o que fazia com que o piso
estivesse escorregadio e traiçoeiro; desta vez, Annie escorregou no carreiro de gelo em
frente da escola e caiu de rabo em vez de ser de joelhos. Mas ao contrário da primeira
vez, quando quase se desfez em lágrimas, desta feita riu-se.
Acabara de cumprimentar Baxter, que ouviu o barulho que ela fez ao cair.
— Que aconteceu? — perguntou Baxter, intrigado com o que estava a passar-se.
A voz de Annie vinha lá de baixo, do chão, e ela estava a rir-se.
— Estou sentada de rabo no chão. Caí.
— Outra vez? És uma desastrada.
Estavam os dois a rir quando alguém veio ajudá-la a levantar-se. Era uma mão firme e
forte.
— Nada de trenós em frente da escola, Miss Adams — a voz estava a meter-se com ela e a
princípio Annie não a reconheceu. — Terá de ir fazer isso no Central Park.
Annie apercebeu-se, quando ele a ajudou a levantar-se do chão, de que a parte traseira
dos seus jeans estava húmida. E não trouxera nada para se mudar. Mas depois, Annie
recordou-se daquela voz. Era Brad Parker, o director da escola. Nunca mais falara com ele
desde o seu primeiro dia.
Baxter conseguia ouvi-lo a conversar com ela e já estavam atrasados, por isso disse a
Annie que se encontraria com ela na aula, mandando-a apressar-se.
É — Presumo que vocês os dois são amigos — disse Brad em tom satisfeito, ao mesmo
tempo que enfiava a mão no braço dela e a ajudava a entrar no edifício.
Havia gelo no chão. Começara a nevar cedo nesse ano. E sempre aconteciam acidentes à
porta da escola quando nevava, mesmo que tomassem todos os cuidados para retirar a
neve com pás.
— É um óptimo rapaz — comentou Annie sobre Baxter. — Somos os dois artistas e ambos
sofremos acidentes este ano. Penso que temos muita coisa em comum.
— A minha mãe era uma artista — disse Brad Parker com satisfação. — Na verdade, pintar
era o seu hobby. Ela era bailarina, no ballet de Paris. Sofreu um acidente aos vinte anos e
isso acabou com as duas carreiras. Mas, apesar disso, ela fazia algumas coisas fantásticas.
— O que fazia ela? — perguntou Annie por educação. Era surpreendente o número de
vidas que era destruído
ou se perdia em acidentes rodoviários. Annie conhecera várias pessoas na escola, algumas
delas artistas como ela. Entre as oitocentas pessoas que frequentavam a escola, havia
inúmeras histórias e pessoas de todas as condições sociais.
— Ela ensinava dança. E era muito boa nisso. Conheceu o meu pai quando tinha trinta
anos, mas a minha mãe continuou a leccionar mesmo depois de casar. Era uma mestra
muito exigente — comentou Brad a rir-se. — O meu pai era cego de nascença e ela