Danielle Steel - As Irmãs PT

(Carla ScalaEjcveS) #1

saúde um dia mais tarde. A mãe não parava de lhe implorar que abrandasse, enquanto o
pai a admirava abertamente pelo seu imenso sucesso. As irmãs diziam, divertidas, que ela
era doida, o que até certo ponto não deixava de ser verdade. A própria Tammy afirmava
que era preciso ser-se doido para se trabalhar em televisão, razão por que ela estava tão
bem talhada para o cargo. Além disso, Tammy estava convencida de que a única razão por
que sobrevivia era porque tinha tido uma vida normal quando era pequena. Tivera tudo o
que a maioria das pessoas sonhava e nunca conseguia. Pais amorosos que eram
profundamente dedicados um ao outro, que foram um sólido rochedo para as suas quatro
filhas se apoiarem e continuavam a sê-lo. Por vezes, Tammy sentia saudades da sua vida
familiar. A sua vida nunca mais parecera inteiramente completa desde que saíra de casa. E
agora estavam todos tão distantes uns dos outros. Annie em Florença, Candy por todo o
mundo fazendo ensaios fotográficos para diversas revistas ou realizando desfiles de moda
em Paris, e Sabrina em Nova Iorque. Muitas vezes sentia imensas saudades delas e, de
uma maneira geral, quando tinha por fim a oportunidade de lhes telefonar, era tarde ou
de noite, a diferença horária estava toda trocada, por isso preferia enviar-lhes e-mails.
Quando lhe ligavam para o seu telemóvel, quando andava a correr de uma reunião para
outra, ou quando estava no estúdio do programa, só tinham tempo para trocar umas
quantas palavras. Tammy estava mesmo muito ansiosa por ir passar o fim-de-semana com
elas.
— O teu carro já está lá em baixo, Tammy — disse-lhe a sua assistente, Hailey, às vinte
para a uma, ao mesmo tempo que espreitava da porta.
— Tens as cartas para eu assinar? — perguntou Tammy com um olhar ansioso.
— É claro que tenho — respondeu Hailey, agarrando numa pasta de documentos junto ao
peito. Em seguida, depositou-a em cima da secretária e entregou uma caneta a Tammy
para que esta as assinasse.
Tammy lançou uma breve vista de olhos às cartas e rabiscou a sua assinatura no fundo de
cada documento. Pelo menos, agora podia partir com a sua consciência tranquila. Todas
as coisas mais importantes estavam feitas. Não suportaria sair no fim-de-semana sem
deixar a secretária arrumada, razão por que costumava ir ao escritório aos sábados e
muitas vezes aos domingos, raramente arranjando tempo para ir passar os fins-de-semana
a qualquer lado.
Possuía uma casa em Beverly Hills, que adorava. Já a tinha há três anos e ainda não a
acabara. Não queria contratar um decorador e estava determinada a fazê-lo sozinha, mas
nunca tinha tempo para isso. Ainda havia caixotes de porcelanas e de objectos decorativos
que não se dera ao trabalho de desempacotar desde que vendera a sua última casa. Um
dia, disse para si mesma e prometeu aos pais, iria abrandar, mas ainda não chegara a
hora. Este era o ponto alto da sua carreira, o seu programa estava na moda e se perdesse
essa oportunidade agora, talvez tudo fosse por água abaixo. E a verdade é que Tammy
adorava a sua vida tal como era, febril, louca e descontrolada. Adorava a sua casa, o seu
emprego e os seus amigos, quando arranjava tempo para estar com eles, o que era quase
nunca, visto que estava sempre demasiado ocupada com o programa. Adorava viver em
Los Angeles, tanto quanto Annie gostava de Florença e Sabrina de Nova Iorque. A única
que não se importava com o lugar onde morava era Candy, que se sentia feliz em
qualquer lugar, desde que ficasse num hotel de cinco estrelas. Sentia-se tão feliz em Paris,

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