volta da piscina. Previa-se que a temperatura subisse acima dos trinta e sete graus
centígrados nessa tarde. Jane só esperava que arrefecesse um pouco à noite. Caso
contrário, os convidados iriam derreter lá fora às sete da tarde, pois ainda seria dia e
ainda haveria muito sol. Não anoiteceria antes das oito horas.
— Ainda está mais quente do que em Florença — comentou Annie, assim que entraram
no carro munido de ar condicionado.
Deu graças pela lufada de ar fresco que lhe bateu na cara quando a mãe ligou a ignição do
automóvel.
Tinham de atravessar a auto-estrada para regressarem a casa e Annie estava a falar sobre
Charlie quando se puseram atrás de um camião que transportava uma carga de canos de
aço numa plataforma na retaguarda. Jane estava a ouvir a filha com atenção e, enquanto
Annie falava, ouviram um sonoro estrondo e viram os canos de aço a começarem a cair do
camião. Alguns rolaram para os lados, fazendo com que os carros do outro lado da estrada
guinassem para evitá-los, mas o resto dos canos saltaram da traseira do camião em
direcção ao Mercedes de Jane. Ela estava a tentar abrandar quando Annie ofegou e viu
três dos canos dispararem directos a ela vindos do camião. Instintivamente, Annie
estendeu as mãos para a mãe e gritou:
— Mãe!
Mas já era tarde de mais. Tal como uma cena de filme, ela não conseguiu parar. Annie viu
os canos virem a direito, atravessando o pára-brisas do carro, ao mesmo tempo que Jane
perdeu o controlo da direcção e o carro atravessou-se na faixa seguinte. Annie ouviu-se a
si mesma a gritar, tentou agarrar o volante e, ao fazê-lo, ouviu-se o som do metal a ser
esmagado, de vidros a partirem-se e de travões a chiarem por todo o lado. Olhou na
direcção da mãe, mas não foi capaz de vê-la em parte nenhuma. A porta do lado do
condutor estava aberta, o carro movimentava-se a toda a velocidade, Annie viu o
condutor do carro onde bateram mas nesse instante tudo ficou negro em seu redor e
perdeu os sentidos.
Dois dos canos de aço enfiaram-se directamente pelo carro, quando este capotou
parando, por fim, depois de ter chocado com mais dois carros que vinham na sua
direcção. Os automóveis que seguiam atrás e à frente delas travaram com enorme
chiadeira e o trânsito estacou de imediato assim que alguém chamou a polícia.
Não havia sinal de vida em nenhum dos carros que foram atingidos e o condutor do
camião estava de pé na berma da estrada a chorar, ao contemplar o cenário de carnificina
que o seu camião havia causado. Quando a polícia chegou, ele estava em estado de
choque e incapaz de falar. Chegaram carros de bombeiros, ambulâncias, a brigada de
trânsito e a polícia local. Os condutores dos três veículos haviam morrido, juntamente
com um total de cinco passageiros. Só havia uma sobrevivente, segundo os bombeiros
puderam apurar e levaram meia hora a desencarcerá-la do carro. Tinha ficado presa
debaixo dos canos de aço e estava inconsciente quando a ambulância a levou. As
restantes vítimas foram retiradas dos carros, deitadas na auto-estrada e tapadas com
oleados enquanto aguardavam a chegada de mais ambulâncias. Os polícias que estavam
no local aparentavam um ar de solenidade, ao mesmo tempo que o trânsito ficava
engarrafado numa extensão de quilómetros. Era sempre isto que acontecia no Quatro de
Julho. As pessoas envolviam-se em acidentes rodoviários, ocorriam tragédias, morriam
carla scalaejcves
(Carla ScalaEjcveS)
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