CAPÍTULO 6
Dois homens da brigada de trânsito tocaram à campainha da casa dos Adams pouco
passava das duas e meia da tarde. Haviam deixado o local do acidente quando Annie
estava a ser levada de ambulância para o hospital. Encontraram a carta de condução de
Jane na sua mala, dentro do carro, e perceberam pela carta de condução de Annie que ela
era filha de Jane. Ainda constava na sua carta de condução a morada dos pais em
Connecticut. Também tinha uma carta de condução italiana na mala. Caso fosse
necessário, a brigada de trânsito estava autorizada a notificar os parentes mais próximos
por telefone, em caso de acidente. Contudo, Chuck Petri, o oficial responsável no local,
achou que seria desumano fazer isso. Se tivesse acontecido alguma coisa à sua mulher ou
à sua filha, quereria uma pessoa presente em carne e osso para lhe dar a notícia e não um
telefonema. Por isso, enviou dois dos seus homens a casa dos Adams e resolveu ele
mesmo as coisas no local do acidente, dirigindo uma fila única de carros que passavam
pelo local do acidente e pelos corpos cobertos pelos oleados, deslocando-se a oito
quilómetros por hora. A auto-estrada ficaria obstruída durante várias horas.
Os dois polícias que tocaram à porta tinham um semblante profundamente constrangido.
Um deles era cadete e nunca antes fizera nada semelhante. O polícia mais graduado que o
acompanhava era o seu parceiro e prometera ser ele a falar quando abrissem a porta.
Passaram-se alguns minutos até que viesse alguém abrir a porta, uma vez que na piscina
não conseguiam ouvir bem a campainha da porta. Sabrina acabara de dizer que
estranhava o facto de a mãe e Annie ainda não terem voltado. Já tinham saído há quase
uma hora, muito mais tempo do que pensaram demorar para irem ao supermercado.
Talvez a loja estivesse fechada e elas tivessem que ter ido a outro lugar comprar os picles
e a maionese. Tammy foi abrir a porta quando ouviram a campainha; em todo o caso,
precisava de ir à cozinha buscar qualquer coisa para beber. Abriu a porta principal e viu os
polícias através do vidro; assim que isso aconteceu o seu coração começou a martelar e
ela obrigou-se a acreditar que não poderia ser nada de tão agoirento como poderia
parecer. É provável que eles ali estivessem por causa de uma infracção sem importância,
como, por exemplo, o aspersor da relva ter deixado manchas na janela do vizinho, ou os
cães estarem a fazer demasiado barulho. Tinha que ser isso. O polícia mais novo estava a
sorrir-lhe com nervosismo, e o polícia mais velho" olhou para ela com uma expressão
carrancuda e sombria.
— Posso ajudá-lo, senhor agente? — perguntou Tammy, olhando-o directamente nos
olhos, voltando a tranquilizar-se em silêncio.
— O senhor Adams encontra-se em casa?
Este estava registado na DGV como o parente mais próximo de Jane. O seu colega mais
jovem conseguira essa informação no computador, no caminho para ali.
— Está sim — respondeu Tammy em tom respeitoso e desviou-se para que eles pudessem
sair do calor.
A casa estava fresca quase ao ponto de estar gelada. A mãe gostava de regular o ar
condicionado ao máximo.
— Eu vou já chamá-lo. Posso perguntar-lhe qual é o assunto?
Ela mesma queria saber antes de ir chamar o pai. No entanto, de repente, o pai surgiu