Danielle Steel - As Irmãs PT

(Carla ScalaEjcveS) #1

sempre acessível — de boa índole, engraçada, irreverente, doce e surpreendentemente
ingénua mesmo depois de todo o sucesso de que desfrutava desde o início da sua carreira.
Ela era uma boa pessoa e possuía uma beleza incrível. Não tinha um único ângulo mau. O
seu rosto era quase perfeito para a câmara, sem imperfeições nem defeitos. Ela possuía a
delicadeza de um camafeu, com finas feições esculpidas, quilómetros de cabelo louro
natural que usava solto na maior parte do tempo, e olhos azuis da cor do céu e de
tamanho descomunal. Matt sabia que ela gostava bastante de festas e de ficar na farra até
altas horas da madrugada, mas o mais surpreendente era que isso
nunca se notava na sua cara no dia seguinte. Era uma das poucas sortudas que podia
exagerar nas noitadas sem que isso se percebesse depois. É claro que não escaparia ilesa
para sempre, mas por agora ainda podia dar-se a esse luxo. Além do mais, ficava ainda
mais bonita com o passar dos anos, muito embora, aos vinte e um anos, não se pudesse
esperar que ela fosse afectada pela devastação do tempo, mas algumas modelos
começavam a revelar sinais mesmo com aquela idade. Com Candy isso não acontecia. E a
sua doçura natural ainda transparecia como no primeiro dia em que a conhecera, quando
ela tinha dezasset anos de idade e se preparava para fazer a sua primeira sessão
fotográfica para a Vogue com ele. Ele adorava-a. Toda a gente a adorava. Não havia
homem nem mulher no ramo que não adorasse Candy.
Ela media mais de um metro e oitenta, descalça, pesava cerca de cinquenta e dois quilos
num dia sobrecarregado e ele sabia que ela nunca comia, mas fosse qual fosse a razão
para o seu pouco peso, nela parecia perfeito. Apesar de ser uma pessoa magra, ficava
sempre fabulosa nas fotografias que ele lhe tirava. A semelhança da Vogue, que a adorava
e o destacara para trabalhar com ela nessa sessão fotográfica, Candy era a sua modelo
favorita.
Deram a sessão de fotos por encerrada ao meio-dia e meia e ela saiu da fonte como se só
ali tivesse estado durante dez minutos, em vez de quatro horas e meia. Iriam fazer uma
segunda sessão num outro cenário, junto ao Arco do Triunfo, naquela tarde e uma ainda
nessa noite na Torre Eiffel, com fogo de artifício a rebentar atrás deles. Candy nunca se
queixava das condições difíceis nem das longas horas e essa era uma das razões por que
os fotógrafos adoravam trabalhar com ela. Isso e o facto de nunca tirarem uma fotografia
má dela. O seu rosto era o mais generoso do planeta e também o mais desejável.
— Onde queres ir almoçar? — perguntou-lhe Matt, enquanto os seus assistentes
arrumavam as câmaras e o tripé e guardavam o filme, ao mesmo tempo que Candy tirava
a estola branca de visom e enxugava as pernas com uma toalha. Estava a sorrir e parecia
que se divertira imenso.
— Não sei. L'Avenue? — sugeriu com um sorriso.
Ela era uma pessoa fácil de lidar. Dispunham de muito tempo. Os seus assistentes
demorariam perto de duas horas para prepararem a sessão fotográfica no Arco do
Triunfo. Matt revira todos os pormenores e todos os ângulos com eles no dia anterior e
não havia necessidade de estar presente até que tivessem a sessão completamente
preparada. Isso dava-lhe a si e a Candy umas duas horas para almoçarem. Muitas modelos
e gurus da moda frequentavam o L'Avenue, também o Costes, o Buddha Bar, o Man Ray e
uma grande variedade de outros lugares de Paris. Também ele gostava do L'Avenue e era
perto do sítio onde iriam fotografar durante a tarde. Matt sabia que não importava o lugar

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