Danielle Steel - As Irmãs PT

(Carla ScalaEjcveS) #1

mal pudesse acontecer-lhes. Ou pelo menos, nada pior do que já lhes acontecera.
— Como estava o pai quando saíste? — perguntou-lhe Sabrina, com uma expressão
preocupada.
— Ficou feliz por ver o Chris. Limitou-se a soluçar abraçado a ele. O pobre homem está um
trapo. Não sei o que vai acontecer com ele quando nos formos todas embora.
— Talvez eu possa vir dormir a casa todos os dias por uns tempos — disse Sabrina com ar
pensativo.
Seria algo muito difícil para ela com o número de horas que trabalhava, mas outras
pessoas faziam-no. O pai ia e vinha todos os dias, muito embora o seu horário de trabalho
não fosse tão longo como o dela. Há já vários anos que aliviara a sua carga de trabalho
para passar mais tempo com a mulher. E agora como seria? Voltaria todas as noites para
uma casa vazia. Sabrina não queria isso para ele.
— Isso é uma loucura. Não podes fazer tal coisa — disse Tammy.
— Talvez ele pudesse ficar em minha casa — respondeu Sabrina com prudência.
— Assim vai ser ainda pior. Não terás uma vida própria. E o pai não tem noventa anos, por
amor de Deus. Ele tem cinquenta e nove anos. Vai querer ficar aqui, na sua própria casa.
— Sem a mãe? Não tenho assim tanta certeza. Estou a começar a duvidar de que o pai
seja capaz de viver sem ela. Depois de todos estes anos, estava totalmente dependente da
mãe. Acho que não me havia apercebido disso até hoje.
— Não podes avaliar as coisas pelo dia de hoje — declarou Tammy, com um tom
esperançoso na voz. — Todos nós estamos em estado de choque. O pai também está. Vai
ter que se habituar a viver sozinho. É o que acontece com outros homens da idade dele, e
até mesmo mais velhos, que ficam viúvos. Talvez ele volte a casar — disse ela, parecendo
aborrecida, e a irmã mais velha fitou-a horrorizada.
— Não sejas ridícula. O pai? Estás a gozar? A mãe era o amor da vida dele. Ele nunca vai
casar-se de novo. Mas estou convencida de que também não vai ser capaz de cuidar dele
mesmo.
— O pai não é nenhum inválido. Além disso, é um homem adulto. Terá que conformaf-se
e ultrapassar tudo isto como toda a gente. Pode ir visitar-te, se quiser. Mas não lhe peças
para se mudar para a tua casa. Seria impossível para ti e também não ia ser nada bom
para ele. O pai era dependente da mãe. Não pode transferir essa situação para ti agora, a
menos que queiras prescindir da tua vida e ficares uma filha solteirona para sempre —
arreliou-a Tammy.
— Eu já sou uma solteirona — respondeu Sabrina e riu-se pela primeira vez naquele dia.
— Não faças disso um hábito — avisou-a Tammy — ou vais arrepender-te. E também não
seria justo para o Chris. Este é o teu momento e não o do pai. Ele teve a vida dele com a
mãe. Agora vai ter de passar para uma fase diferente da vida. Talvez ele devesse consultar
um psiquiatra.
As duas irmãs estavam ali a fazer planos para a vida do pai sem o consultarem, mas isso
distraía-as da agonia da morte da mãe, apenas algumas horas antes, e da luta da irmã pela
sua vida.
— Achas que devemos telefonar ao Charlie? — perguntou Sabrina após um período
momentâneo de acalmia.
O tempo passava demasiado devagar, enquanto aguardavam por notícias de Annie.

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