Harold Sims preside esta corte.
Fez-se silêncio. A porta interna se abriu e o juiz Sims entrou, indicou com um
gesto de cabeça para todos se sentarem e pediu aos advogados de defesa e acusação
que se aproximassem da tribuna. Homem de ossatura larga, rosto redondo e
costeletas grandes e brancas, ele morava em Sea Oaks, mas já presidia casos em
Barkley Cove fazia nove anos. Em geral era considerado um árbitro direto, firme
e justo. Sua voz ressoou pelo recinto:
— Dr. Milton, sua petição para transferir este caso para outro condado sob a
alegação de que a Srta. Clark não pode ter um julgamento justo devido a
preconceitos contra ela nesta comunidade foi indeferida. Aceito que ela tenha
vivido em circunstâncias incomuns e sido alvo de preconceito, mas não vejo
indícios de que tenha suportado mais preconceitos do que muitas pessoas julgadas
em cidades pequenas de norte a sul deste país. E em algumas grandes, aliás. Vamos
prosseguir aqui e agora. — Meneios de aprovação se espalharam pelo recinto
enquanto os advogados retomavam seus lugares. O juiz prosseguiu: — Catherine
Danielle Clark, do Condado de Barkley, Carolina do Norte, a senhorita está
sendo acusada do homicídio qualificado de Chase Lawrence Andrews, ex-
morador de Barkley Cove. O homicídio qualificado é definido como um ato
premeditado, e nesses casos o estado pode solicitar a pena de morte. A promotoria
indicou que vai fazer isso se a senhorita for considerada culpada.
Murmúrios pelo recinto.
Tom parecia ter se aproximado um pouco de Kya, e ela não negou esse
reconforto a si mesma.
— Vamos iniciar a seleção do júri. — O juiz Sims virou-se para as duas
primeiras fileiras ocupadas por jurados em potencial. Enquanto ele lia uma lista de
regras e condições, Justiça de Domingo saltou do peitoril da janela com um leve
baque e, num único e fluido movimento, pulou na tribuna do juiz.
Distraidamente, o juiz Sims afagou a cabeça do gato enquanto prosseguia: — Nos
casos de pena capital, o estado da Carolina do Norte permite a dispensa do jurado
caso ele ou ela não acredite na pena de morte. Por favor, levante a mão quem não
quiser ou não puder impor sentença de morte caso um veredito de culpada seja
decidido.
Ninguém levantou a mão.
Tudo que Kya escutou foi “pena de morte”.
O juiz continuou:
— Outro motivo legítimo para ser dispensado do júri é manter ou haver
mantido relacionamento próximo o suficiente com a Srta. Clark ou com o Sr.
Andrews a ponto de não ser objetivo no caso em questão. Por favor, me avisem
se julgarem que isso se aplica.
Do meio da segunda fileira, a Sra. Sally Culpepper levantou a mão e se
anunciou. Seu cabelo grisalho estava puxado para trás de modo severo e preso
num coquinho, e seu chapéu, terninho e sapatos tinham o mesmo tom sem graça
de marrom.
— Muito bem, Sally, diga-me o que está pensando — pediu o juiz.
— Como o senhor sabe, durante quase vinte e cinco anos fui a agente
carla scalaejcves
(Carla ScalaEjcveS)
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