39.
Por acaso, Chase
1969
Uma névoa se erguia numa manhã de agosto de 1969 enquanto Kya seguia de
barco até uma península afastada que os moradores da região chamavam de
Cypress Cove, onde certa vez tinha visto cogumelos raros. Agosto era tarde para
cogumelos, mas Cypress Cove era fresca e úmida, então talvez ela voltasse a
encontrar a espécie rara. Mais de um mês havia passado desde que Tate deixara a
bússola no toco das penas, e, embora ela o tivesse visto no brejo, não havia se
aventurado perto o suficiente para agradecer o presente. Tampouco havia usado a
bússola, ainda que estivesse seguramente guardada em um dos vários bolsos da sua
mochila.
Árvores envoltas em barba-de-velho contornavam a margem e seus galhos
baixos formavam uma caverna acima d’água pela qual Kya deslizou, procurando
nos arvoredos pequenos cogumelos laranja ou caules finos. Finalmente os viu,
chamativos e brilhantes, presos às laterais de um toco velho, e após puxar o barco
para a margem sentou-se de pernas cruzadas na enseada para desenhá-los.
De repente, ela ouviu passos na turfa e logo em seguida uma voz:
— Ora, vejam só quem está aqui. Minha Menina do Brejo.
Virando-se e ficando de pé ao mesmo tempo, ela se viu frente a frente com
Chase.
— Oi, Kya — disse ele. Olhou em volta. Como chegara até ali? Ela não tinha
escutado nenhuma embarcação. Ele sentiu sua pergunta. — Eu estava pescando,
vi você passar, então atraquei ali do outro lado.
— Por favor, vá embora — disse ela, enfiando os lápis e o bloco de desenho na
mochila.
Mas ele pôs a mão no seu braço.
— Qual é, Kya. Desculpe pelo jeito como as coisas aconteceram.
Ele chegou mais perto e ela sentiu no seu hálito volutas do bourbon que ele
havia tomado no café da manhã.
— Não toque em mim!
— Ei, eu já pedi desculpa. Você sabia que a gente não podia se casar. Você
nunca poderia morar perto da cidade. Mas eu sempre gostei de você; fiquei do