olhares fixos à frente. Tom tentou ler os seus semblantes. Não se ouvia uma só
tosse ou pés arrastando na plateia.
— Todos de pé.
A porta do juiz Sims se abriu e ele se acomodou no seu lugar.
— Queiram se sentar. Sr. Presidente, é verdade que o júri chegou a um
veredito?
O Sr. Tomlinson, um homem calado que era dono da sapataria Buster Brown,
levantou-se na primeira fileira.
— Sim, Meritíssimo.
O juiz Sims olhou para Kya.
— Queira a ré, por favor, se levantar para a leitura do veredito.
Tom tocou o braço de Kya, então a ajudou a ficar em pé. Tate pôs a mão no
guarda-corpo o mais perto dela que conseguiu. Pulinho segurou a mão de Mabel.
Ninguém presente ali jamais tinha sentido aquele conjunto de corações
acelerados, aquela falta de ar compartilhada. Olhos se moviam depressa, mãos
transpiravam. O pescador de camarão Hal Miller esquentava a cabeça tentando
confirmar se era mesmo o barco da Srta. Clark que ele vira naquela noite. E se
estivesse enganado? A maioria tinha o olhar fixo, não na nuca de Kya, mas no
chão ou nas paredes. Era como se a cidade — e não Kya — aguardasse uma
sentença, e poucos sentiam o contentamento perverso que haviam imaginado
sentir nesse momento.
O Sr. Tomlinson, presidente do júri, entregou um pequeno pedaço de papel
ao oficial de justiça, que o passou para o juiz. O juiz o desdobrou e leu com uma
expressão vazia. O oficial então pegou o papel da mão do juiz Sims e o entregou
para a escrevente Srta. Jones.
— Alguém poderia ler para nós? — disparou Tate.
A Srta. Jones se levantou, ficou de frente para Kya, desdobrou o papel e leu:
— Nós, os jurados, declaramos a Srta. Catherine Danielle Clark inocente da
acusação de homicídio qualificado do Sr. Chase Andrews.
Kya sentiu os joelhos perderem a força e sentou-se. Tom fez o mesmo.
Tate piscou. Jodie conteve um arquejo. Mabel soluçou. Os espectadores
ficaram sentados sem se mexer. Com certeza tinham entendido errado. “Ela falou
inocente?” Uma sucessão de cochichos foi aumentando rapidamente de tom e
volume até se transformar em perguntas raivosas.
— Isso não está certo — disse o Sr. Lane, alto.
O juiz bateu o martelo.
— Silêncio! Srta. Clark, o júri a considerou inocente da acusação. Está livre
agora e peço desculpas em nome do estado da Carolina do Norte pelos dois meses
que passou presa. Jurados, agradecemos pelo seu tempo e pelo serviço prestado a
esta comunidade. Julgamento encerrado.
Um pequeno grupo se reuniu em volta dos pais de Chase. Patti Love chorava.
Sarah Singletary exibia um semblante contrariado como todo mundo, mas se deu
conta de que sentia um grande alívio. A Srta. Pansy torceu para ninguém ver seu
maxilar relaxar. Uma lágrima solitária rolou pela bochecha da Sra. Culpepper, e
então um esboço de sorriso surgiu pelo fato de a pequena trapaceira do brejo ter
carla scalaejcves
(Carla ScalaEjcveS)
#1