8.
Dados negativos
1969
Após concluir seu trabalho investigativo da manhã na torre, o xerife Ed Jackson e
o delegado Joe Purdue foram com Pearl, a viúva de Chase, e os pais dele, Patti
Love e Sam, vê-lo deitado numa mesa de aço debaixo de um lençol num
laboratório gelado na clínica que servia de necrotério. Para se despedir. Mas
aquilo lá era frio demais para qualquer mãe; insuportável para qualquer esposa.
Ambas tiveram de sair do recinto amparadas.
De volta ao escritório do xerife, Joe disse:
— Bem, não daria para ser pior...
— É. Não sei como alguém consegue passar por isso.
— Sam não falou nada. Ele nunca foi muito falador, mas isso vai acabar com
ele.
Um brejo de água salgada, dizem alguns, é capaz de devorar um bloco de
cimento no café da manhã, e nem mesmo o escritório ao estilo bunker do xerife
poderia contê-lo. Marcas d’água debruadas por cristais de sal ondulavam pela parte
baixa das paredes e um mofo preto se espalhava em direção ao teto feito vasos
sanguíneos. Minúsculos fungos escuros se acumulavam nos cantos.
O xerife tirou uma garrafa da gaveta de baixo da sua escrivaninha e serviu uma
dose dupla para cada um em canecas de café. Eles ficaram bebendo até o sol,
dourado e encorpado feito o bourbon, escorregar para dentro do mar.
*
Quatro dias mais tarde, Joe entrou no escritório do xerife balançando alguns
documentos no ar.
— Recebi os primeiros resultados do laboratório.
— Vamos dar uma olhada.
Eles se sentaram em lados opostos da mesa do xerife e começaram a examinar
os papéis. De vez em quando, Joe enxotava uma mosca solitária.
Ed leu em voz alta: