para terminar o segundo grau, mas costumava matar as aulas para jogar pôquer e,
fedendo a uísque, voltava tarde para casa e para sua jovem esposa. Após apenas
três semanas, a professora o expulsou da turma.
Maria implorou para ele parar de beber e demonstrar entusiasmo pelo
emprego, de modo que o pai o promovesse. Mas os bebês começaram a chegar e
a bebida nunca cessou. Entre 1934 e 1940, eles tiveram quatro filhos, e Jake só foi
promovido uma vez.
A guerra contra a Alemanha serviu de equalizador. Reduzido à mesma cor de
uniforme de todos os outros, Jake escondeu a vergonha que sentia e bancou outra
vez o orgulhoso. Certa noite, porém, sentado num abrigo enlameado na França,
alguém gritou que o sargento deles tinha levado um tiro e estava caído se
esvaindo em sangue a vinte metros dali. Nada mais que garotos, eles deveriam
estar sentados no banco esperando para rebater um lançamento de beisebol,
nervosos com alguma bola de efeito. Mesmo assim, levantaram-se em um pulo na
mesma hora e saíram correndo para salvar o homem ferido; todos menos um.
Jake ficou encolhido num canto, apavorado demais para se mexer, mas um
morteiro explodiu em amarelo e branco bem na beira do abrigo, estilhaçando em
mil pedaços os ossos da sua perna esquerda. Quando os soldados voltaram para a
trincheira arrastando o sargento, supuseram que Jake tinha sido atingido durante o
resgate. Ele foi declarado herói. Ninguém jamais saberia. Exceto o próprio Jake.
Com uma medalha e uma dispensa médica, ele foi mandado de volta para casa.
Decidido a nunca mais trabalhar na fábrica de sapatos, passou apenas algumas
noites em Nova Orleans. Maria assistiu enquanto ele sem dizer nada vendia todos
os móveis bons e toda a prataria, então enfiou a família no trem e fez todos se
mudarem para a Carolina do Norte. Descobriu por meio de um velho amigo que
a mãe e o pai tinham morrido, abrindo caminho para o seu plano.
Ele havia convencido Maria de que morar no chalé que o pai construíra como
refúgio de pesca no litoral da Carolina do Norte seria um recomeço. Não haveria
aluguel, e Jake poderia terminar o segundo grau. Ele comprou um barquinho de
pesca em Barkley Cove e percorreu muitos quilômetros de cursos d’água no meio
do brejo com a família e todos os pertences empilhados em volta, além de
algumas caixas de chapéu elegantes equilibradas por cima. Quando finalmente
chegaram à lagoa onde o barracão frágil com telas enferrujadas se encolhia sob os
carvalhos, Maria agarrou o caçula Jodie e conteve o choro.
— Não se preocupe — garantiu Pa. — Vou dar um jeito nisto aqui num
piscar de olho.
Mas Jake nunca ajeitou o barracão nem terminou o segundo grau. Pouco
depois de eles chegarem, começou a beber e a jogar pôquer no Swamp Guinea,
tentando esquecer aquela trincheira num copo de aguardente.
Maria fez o que pôde para construir um lar. Comprou lençóis de segunda mão
para os colchões no chão e uma banheira de latão; lavava a roupa na torneira do
quintal, e aprendeu sozinha a ter uma horta e criar galinhas.
Pouco depois de eles chegarem, todos usando suas melhores roupas, ela levou
as crianças até Barkley Cove para fazer a matrícula na escola. Jake, porém,
desdenhava do conceito de estudo, e na maior parte dos dias dizia a Murph e
carla scalaejcves
(Carla ScalaEjcveS)
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