cama e depois enfiou-se nela e adormeceu.
A rotina do americano à hora de deitar era a mesma há já vários dias.
Começava com dez minutos de prazer e depois seguiam-se vinte minutos de
trabalho. O prazer vinha de um mapa da Argentina. Em grande escala, com as
linhas bem demarcadas, com imenso detalhe. O rancho que ia comprar ficava
mesmo no meio. Era uma enorme parcela de terreno quadrada, com perto de
cinquenta quilómetros de lado. Uma hora de viagem, à velocidade máxima
permitida nas cidades, de um canto ao outro. Num total de dois mil e trezentos
quilómetros quadrados. Quase duzentos e cinquenta mil hectares. Praticamente
visível do espaço. Embora, na verdade, não fosse maior do que Rhode Island,
que tinha mais de três mil e cem quilómetros quadrados. Mas ultrapassava a
maior propriedade ininterrupta do Texas, que se ficava pelos dois mil e setenta
quilómetros quadrados. Tanto uma como a outra minguavam perante a fazenda
de gado Anna Creek, na Austrália, que excedia os vinte e três mil e trezentos
quilómetros quadrados. Perto de dois milhões e quinhentos mil hectares. Mais ou
menos do mesmo tamanho que o Massachusetts. Tinha lido uma notícia sobre o
dono. O tipo tinha feito mais de cento e sessenta mil quilómetros com o camião
sem sair uma única vez da propriedade. Mas, ainda assim, esse novo sítio na
Argentina entraria para o top ten mundial. Era uma área grande como tudo. Não
havia dúvidas. A casa iria ficar a uns vinte e cinco quilómetros da vedação. E era
desse isolamento que ele iria precisar, no novo mundo que estava a ajudar a criar.
Dobrou o mapa e deu início aos vinte minutos de trabalho, que tinha tudo
que ver com aperfeiçoar o espanhol, ouvindo cassetes. Iria precisar de
trabalhadores e não podia estar a contar que aprendessem inglês. Por isso, ficou
deitado na cama com auriculares de espuma colados aos ouvidos, a ouvir, a
repetir, a aprender, até o cérebro se cansar e ele adormecer.
Neagley bateu à porta de Reacher às oito horas da manhã seguinte. Ele estava