Escola da Noite

(Carla ScalaEjcveS) #1

— Eu entro primeiro — declarou Neagley.
Avançou silenciosamente pela alcatifa grossa do corredor. O lado da
dobradiça da porta estava mais perto e o da maçaneta, mais longe. Baixou-se
para não ser apanhada no campo de visão do olho mágico e colou-se toda à
parede do outro lado da porta. Esticou o braço e experimentou a maçaneta com a
palma da mão virada para trás. Muitos anos de treino. Era sempre mais seguro.
As balas conseguiam atravessar portas.
Mexeu os lábios e articulou a palavra «trancada», fazendo depois sinal de
que precisava da chave. Sinclair enfiou a carteira e as duas cartas de condução
debaixo do braço e vasculhou na mala. Sacou de lá uma chave de metal presa a
uma fita cinzento-escura. Reacher pegou nela e atirou-a a Neagley, que a
apanhou só com uma mão e a enfiou na fechadura, da mesma posição, outra vez
com a palma da mão virada para trás, afastada da porta e fora da linha de fogo.
Rodou a chave.
A porta entreabriu-se muito ligeiramente.
Silêncio.
Nenhuma reação.
Reacher avançou, colando-se também todo à parede, do lado da dobradiça,
numa posição simétrica à de Neagley, igualmente seguro, esticou os dedos e
escancarou a porta.
Nenhuma reação.
Neagley rodopiou sobre a ombreira e enfiou-se no quarto. Reacher seguiu-a.
Muitos anos de treino. O mais pequeno, primeiro, e o maior, no fim. Assim,
ambos ficavam com uma vista desimpedida. E o maior não levava um tiro nas
costas por acidente.
Não havia ninguém no quarto.
Somente uma cama larga, com uma dúzia de almofadas de brocado verdes, e
uma única mala com rodinhas e cadeado, no meio do chão.
Ninguém na casa de banho.
Ninguém no armário.
Sinclair entrou e despejou tudo em cima da cama. A mala, a carteira, as duas

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