ele. Mesmo muito perto. Sentia-lhe o cheiro do perfume. O vestido, as pérolas,
os sapatos. A cara e o cabelo.
Não havia maneira de o telefone tocar.
— Ficar à espera põe-me nervosa — desabafou ela.
Ele não disse nada.
— Não sou capaz de descontrair.
Continuou calado.
— Não fica nervoso?
Sim, pensou. Neste preciso momento, estou nervoso.
— Não — respondeu. — Não ajuda em nada.
— Cortou o cabelo.
— Foi aí que me veio a ideia do Wiley. Vi umas imagens no barbeiro.
— O barbeiro fez um belo trabalho.
— Assim espero. Cobrou-me cinco dólares.
— Foi barato.
— Acha?
— Devia experimentar ir onde eu vou, em D.C.
— Acho que o seu é mais complexo — retorquiu ele.
E ela não disse nada.
Limitou-se a olhar para ele.
— Posso? — perguntou ele.
Ela não respondeu. Ele levantou a mão, tocando-lhe ao de leve na testa com a
ponta dos dedos e enfiando-lhe os dedos no cabelo, embrenhando-os nele, com a
textura a alternar entre o grosso e o macio, ao sabor das ondas. Puxou-o todo
para trás, deixando uma parte presa atrás da orelha dela e outra solta.
Ficava-lhe bem.
Tirou a mão.
E perguntou:
— É assim que o penteia, não é?
— Agora faça isso do outro lado — retorquiu ela.
Serviu-se da outra mão, da mesma maneira, quase não lhe tocando na testa,
carla scalaejcves
(Carla ScalaEjcveS)
#1