Escola da Noite

(Carla ScalaEjcveS) #1

pouco à vontade. Um homem, mais concretamente. Não estaria à espera de uma
mulher. Tinha uma veia maldosa e competitiva. Iria querer que houvesse duas de
três coisas: álcool, raparigas e ódio. Naquela ocasião, seriam a primeira e a
segunda, imaginou ela, a julgar pelo que lhe tinham dito da rua chamada
Reeperbahn. Raparigas e álcool. Mas ela saberia lidar com isso. As lutas
grandiosas exigiam sacrifícios grandiosos. E ela vinha das regiões tribais. Tinha
a certeza de que já vira pior.


Reacher telefonou a Griezman e perguntou se a rapariga bonita tinha sido
vista nas proximidades do bar. E a resposta fora não. Nem Wiley. Nenhum sinal
dos dois.
— Okay, vão encontrar-se noutro sítio. Tire também esses carros daí — disse
Reacher.
Dessa vez, Sinclair limitou-se a assentir.
— Mas aqueles homens não viram a rapariga — retorquiu Griezman.
— Não interessa — respondeu Reacher. — Têm o retrato-robô do Wiley.
Onde encontrarmos um, encontraremos o outro.


A nova mensageira virou à esquerda, para Reeperbahn, e foi assaltada por
toda a luz e por todo o ruído com que estava a contar. Flashes, luzes a piscar e
intensas, baques surdos, estrondos e distorção. Aquilo já não era insípido nem
pequeno. Agora, era mais do que tinha imaginado. Respirou fundo e continuou a
andar. Sabia o nome do clube de que estava à procura. Por assim dizer. Sabia o
aspeto das letras. Sabia que tinha uma fotografia à janela, de uma mulher nua
com um pastor-alemão. Que era uma raça de cão. Lá dentro, cheiraria a cerveja.
Tinham-lhe dito que haveria coisas para as quais talvez preferisse não olhar.
Ouviu sirenes da polícia, a gemer e a uivar ao longe. Abrandou, subitamente
indecisa. Havia muitos sítios com as mesmas letras nos nomes. O mesmo aspeto.
Sobretudo, naquilo a que os ocidentais chamariam o final da palavra. Como um

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