— Acha que a nossa política não pode ser explicada de uma forma simples?
— retorquiu Ratcliffe.
— Acho que não existe.
— Acha que somos incompetentes?
— Não, acho que o mundo está a mudar. É melhor mantermo-nos flexíveis.
— Você é que é o PM?
— Sim, senhor conselheiro.
Ratcliffe fez nova pausa e disse:
— Há pouco mais de três anos, explodiu uma bomba numa garagem por
baixo de um prédio muito alto em Nova Iorque. Uma tragédia, em termos
pessoais, para quem morreu ou ficou ferido, claro, mas, de um ponto de vista
global, não foi nada por aí além. Só que, nesse momento, o mundo enlouqueceu.
Quanto mais de perto olhávamos, menos víamos e menos compreendíamos.
Pelos vistos, tínhamos inimigos por toda a parte, mas não sabíamos ao certo
quem eram, onde estavam ou porque o eram, nem qual a relação entre eles ou o
que queriam, tal como não fazíamos ideia nenhuma do que iriam fazer a seguir.
Estávamos completamente a leste. Mas, pelo menos, reconhecemos isso a nós
próprios. E, portanto, não perdemos tempo a desenvolver políticas sobre coisas
de que nem sequer tínhamos ainda ouvido falar. Pareceu-nos que isso
desencadearia um falso sentimento de segurança. Ou seja, atualmente, o nosso
procedimento habitual é andar num caos constante, a tentar perceber o que se
passa e a lidar com dez coisas ao mesmo tempo, à medida que e quando
aparecem. Andamos atrás de tudo porque tem de ser. Daqui a pouco mais de três
anos vai ser o novo milénio, e não há capital que não vá estar a celebrar sem
parar, o que faz desse único dia o maior alvo propagandístico em toda a história
do planeta Terra. Precisamos de saber quem são estes gajos com bastante
antecedência. Todos. Por isso, não ignoramos nada.
Ninguém disse nada.
E Ratcliffe continuou:
— Não é que precise de me estar a justificar a si. Mas precisa de
compreender a teoria. Não fazemos suposições nenhumas nem deixamos pedra
carla scalaejcves
(Carla ScalaEjcveS)
#1