— E por que razão ninguém participou o desaparecimento da coisa?
— Depende do que seja. Depende do ciclo de inspeções, calculo eu. Se
calhar, estão neste preciso momento a contar qualquer coisa. Se calhar, vai saber-
se a notícia hoje à noite.
— E essas inspeções são muito rigorosas?
— Em média, nem por isso — respondeu Neagley. — Na maior parte dos
casos, contam-se simplesmente as coisas. Se houver três contentores enumerados
num inventário, eles contam um, dois, três e registam que está certo.
— Mas os contentores podem estar vazios ou assim.
— Só pode ter sido uma coisa ou outra. Das duas uma, ainda não se fez a
contagem ou então ele enganou-os de alguma maneira. São as únicas duas
possibilidades.
— Não, acho que há uma terceira — retorquiu Reacher. — Se calhar, aquilo
que ele roubou, seja lá o que for, nunca fez parte de nenhum inventário. Se
calhar, ninguém sabia que aquilo lá estava e, por isso, ninguém sabe que
desapareceu entretanto.
— Como o quê?
— Tipo as minhas calças.
— O que têm?
— Gostas delas?
— São calças.
— São calças de caqui dos fuzileiros, produzidas em 1962 e enviadas em
- A certa altura, foram entregues por engano num armazém do exército
americano, no Maryland. E por lá ficaram durante trinta anos. Nunca as
contaram, nunca as inspecionaram, nunca fizeram parte da lista de quem quer
que seja.
— Achas que alguém acabou de comprar cem milhões de dólares em calças?
— Não têm de ser calças.
— Camisas?
— Qualquer coisa que ficou perdida nos fundos de um armazém. Uma
terceira possibilidade.