Bem-vindo ao mundo real, puto. Uma direita em cheio, no plexo solar. Um ato
humanitário. O mesmo que atordoar uma vaca. O segundo tipo já não teve tanta
sorte. Tinha o ímpeto contra ele. Desamparado, foi de encontro ao cotovelo de
Reacher, bem no meio dos olhos, e, ao cair, retardou o quarto rapaz, apenas o
suficiente para que Reacher tivesse tempo de atingir o terceiro, com o mesmo
cotovelo a retroceder, formando um arco e descendo violentamente como uma
faca, o que deixou o quarto miúdo basicamente à mercê de uma variedade de
opções. Reacher escolheu um pontapé nos tomates, para obter o máximo
proveito com um mínimo de esforço.
Passou por cima do emaranhado de pernas e entrou no bar. Estava um
velhote ao balcão. Não havia clientes. O velhote devia ter uns setenta anos.
Como Ratcliffe. Mas em muito pior estado. Tinha a cara vincada e enrugada e
era grisalho e curvado.
Reacher perguntou:
— Fala inglês?
E o velhote respondeu:
— Sim.
— Vi-o a espreitar pela janela.
— Ai viu?
— Sabia daqueles rapazes ali fora.
— Sabia o quê?
— Que eles só querem clientes alemães aqui dentro. Concorda com isso?
— Tenho o direito de escolher quem sirvo.
— E quer servir-me?
— Não, mas sirvo, se tiver de ser.
— O seu café vale alguma coisa?
— É ótimo.
— Não quero nada disso. Só quero que me responda a uma pergunta. Uma
coisa que sempre quis saber.
— E qual é?
— Qual é a sensação de perder uma guerra?
carla scalaejcves
(Carla ScalaEjcveS)
#1