uma atualização. É o mesmo problema. Estamos a falar de conhecimentos
especializados. Com o devido respeito, um campo de treino no Iémen não é a
mesma coisa que a Ford Aerospace. E o problema também vale para o preço.
Doze mísseis por veículo. Velocidade máxima inferior a sessenta e cinco
quilómetros por hora. Era preciso um comboio dessas coisas a andar o dia inteiro
para se chegar a um valor de cem milhões de dólares. Como um desfile na Praça
Vermelha. Ainda para mais, o tipo já desapareceu há quatro meses. Agora não
pode pôr-se a voltar para organizar tudo. Prendiam-no logo.
— Seja como for, mantém-no debaixo de olho — respondeu Reacher. — Não
gosto desses quatro meses. É vergonhoso. Alguém precisa que lhe cheguem a
roupa ao pelo. Mas que raio se está a passar ali?
A noite estava a cair em Hamburgo. O iraniano tinha ido dar uma volta. Um
passeio ao final da tarde, com um jornal enfiado debaixo do braço. As luzes
estavam a acender-se nas lojas, nos escritórios e mercearias, nas joalharias,
lavandarias e companhias de seguros. Luzes brancas, brilhantes, claras e nítidas.
Mas não demasiado vivas. Um néon mais suave. Mais europeu. As padarias e as
pastelarias encontravam-se às escuras. Já tinham dado o dia por encerrado. Os
restaurantes e os bares tinham uma iluminação âmbar, baixa e convidativa, como
se fossem todos sítios acolhedores a meia-luz, com painéis de carvalho. Nas
ruas, o trânsito fluía. Os carros iam passando, cada pormenor daquele cenário
resplandecente devidamente refletido na carroçaria encerada, os novos faróis a
perscrutarem o espaço adiante, impacientemente, artificialmente azuis.
O iraniano chegou a um miniparque e sentou-se num banco. Recostou-se e
apoiou os braços nas costas do assento. Os carros continuaram a passar. Olhou
em frente. Não havia peões.
Esperou.
E depois levantou-se outra vez, sem pressas, e, como um cidadão
consciencioso, enfiou o jornal dentro do caixote do lixo e saiu do parque,
voltando para trás pelo mesmo caminho e ao mesmo ritmo.