trabalho aqui na Câmara começa de manhã e termina de madrugada. Que creche vai
aceitar uma criança com esses horários?”, lamenta Bonfim. “Mesmo contratando uma
babá seria complicado. Ela precisaria trabalhar manhã, tarde, noite e madrugada...”
O menino, enquanto isso, vive uma rotina de congressista. Acorda cedo e vai para o
Congresso no colo dos pais, que moram em um apartamento funcional em Brasília. Ao
longo do dia, Hugo acompanha reuniões de gabinete e tira sonecas, supervisionado
pelo casal ou por seus assessores. Com meses de vida, já embarcou em mais aviões do
que a maioria dos brasileiros numa vida inteira. É habitué da ponte aérea Brasília-São
Paulo-Rio de Janeiro, cidades onde está amarrado a compromissos profissionais e
familiares.
A experiência política do casal rendeu certos aprendizados para a criança, que já exibe
- acreditam os pais – a mesma verve de esquerda. Segundo eles, o menino chora
quando se depara com bolsonaristas. “Da última vez, o Hugo estava no elevador,
sorrindo, até que entrou uma figura simbólica da extrema direita. Foi só olhar para ela
que ele começou a berrar: ‘Uááá!’”, diverte-se Braga, com um sorriso de canto de boca,
orgulhoso. “Na primeira vez você pensa que é exagero de pai e de mãe. Mas quando
acontece de novo...”, prossegue o deputado. “Do nada o tempo virou.
Impressionante”, completa a mãe.
Luigi Mazza
Repórter da piauí