® Piauí ed. 185 [Riva] (2022-02)

(EriveltonMoraes) #1

enviada para a equipe do Projeto Lightspeed: “A preparação da vacina e a injeção
ocorreram sem problemas.” Logo em seguida, Özlem respondeu para todos: “Ótimo
trabalho, pessoal! Estou muito orgulhosa de todos vocês e acho incrível que o
desempenho desta equipe esteja no nível dos ‘atletas de alto rendimento’.”


Fotos daquele momento foram transmitidas em canais de notícias em todo o país.
Poucas horas depois, a equipe de Oxford injetaria, no seu primeiro paciente no Reino
Unido, uma vacina candidata de vetor viral contra o coronavírus. Porém, graças ao
hábito alemão de se adiantar às coisas, a BioNTech se tornou a primeira empresa na
Europa a testar uma vacina contra a Covid-19 em seres humanos.


Após os primeiros voluntários da fase 1 receberem as doses com segurança, a


equipe do Projeto Light-speed iniciou a espera agonizante pelos sinais preliminares de
uma vacina eficaz em seres humanos. Foi uma espera que Özlem e a equipe clínica
reduziram para cinco semanas: três semanas até que a segunda dose pudesse ser
administrada, uma semana para as defesas imunológicas entrarem em ação e uma
semana para o processamento das amostras. Mas, de forma inesperada, o estágio final
de processamento se mostrou ambicioso demais.


Naquele momento, a BioNTech usava uma empresa de diagnósticos no Norte da Itália
para analisar amostras do estudo. Tubos de ensaio dos centros de pesquisa em
Mannheim e Berlim eram enviados diretamente para a empresa toscana, que estava
aberta e funcionava com capacidade total. A pedido de Uğur, a BioNTech pressionava
para que os resultados iniciais, ainda brutos, fossem disponibilizados o mais rápido
possível, de modo que pudessem tomar uma decisão a respeito da candidata
vencedora para proceder a um estudo global de última fase.


Entretanto, logo ficou claro que o procedimento na Itália demoraria muito. Os
funcionários não trabalhavam 24 horas por dia e, por decreto regulatório, precisavam
revisar e verificar os dados antes de apresentar conclusões. Mais uma vez, Uğur contou
com a desenvoltura do bioquímico Alex Muik. Assim que o sangue dos voluntários
alemães que tinham recebido duas doses no ensaio era coletado, as caixas com as
amostras eram enviadas para a BioNTech. Usando o teste com o vírus substituto no
qual Alex trabalhara com sua única máquina de mesa, bastava um dia para gerar dados
preliminares sobre a intensidade da resposta imunológica provocada pelas vacinas.

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