Wander Oliveira enfrentava dificuldades. Às vésperas de completar 36 anos,
estava endividado por todos os lados, não estudara para ter uma profissão e não sabia
o que fazer da vida. Naquele domingo de 2004, embora fosse católico, ele estacionou
diante do maior templo da Igreja Universal do Reino de Deus, em Goiânia, e entrou.
No púlpito, o pastor Darlan Ávila, um dos líderes da igreja no Brasil, fez um pedido à
plateia de 5 mil fiéis: “Fechem os olhos e deixem o manto de Cristo cobrir vocês.”
Oliveira acatou a orientação e concentrou-se nas suas dificuldades. Ele vinha tentando
ganhar a vida como empresário de shows de música sertaneja, mas nada dava certo.
Tinha recebido um convite para trabalhar com uma dupla ainda em início de carreira,
João Neto e Frederico, que cantava para plateias minúsculas. Oliveira estava na dúvida
se aceitava o trabalho ou procurava outro ofício. Aproveitou o convite do bispo, e
mandou um apelo aos céus: “Se for para eu trabalhar com os meninos, o Senhor precisa
me dar uma prova.”
Encerrado o culto, Oliveira voltou para o carro e conferiu seu celular, um velho
StarTAC da Motorola. Havia três ligações perdidas – duas de João Neto e uma de
Frederico. Como é próprio de quem está em busca de uma inspiração mágica, Oliveira
interpretou aquilo não como uma coincidência, mas como a resposta divina. Topou a
empreitada. (Para quem não está familiarizado com o mundo da música sertaneja: João
Neto e Frederico cobram hoje 250 mil reais por um único show e seus vídeos no
YouTube somam 1 bilhão de visualizações.) Ali, recomeçava uma carreira que, depois
de muito trabalho, uma falência acachapante e métodos controversos, faria dele o mais
lucrativo empresário de cantores do Brasil.