Em 2001, estava tudo acabado. Oliveira tinha fechado a casa que alugara em Itu e
voltado para Goiânia. Nos anos seguintes, sustentou-se oferecendo projetos culturais
de artistas desconhecidos para a Prefeitura de Goiânia e o governo do estado. Mas o
negócio se arrastava. Afundado em dívidas e sem rumo, fazia planos de largar o
mercado de música e abrir uma empresa para restaurar estofados. E então, em 2004, foi
procurado pela dupla João Neto e Frederico. “Que mané vender sofá! Vamos trabalhar
com música porque é disso que gostamos”, conta Frederico, ao rememorar como fez o
convite para Oliveira, de quem já era amigo. Assinaram contrato. Oliveira decidiu que
tentaria mais uma vez.
Nessa altura, recorreu a uma pesquisa informal que fizera anos antes. Ele pedira a mais
de cem camelôs e feirantes de Goiânia e região que vendiam CDs para que anotassem
as trinta músicas que seus clientes mais compravam. No resultado, apareceram no
topo Boate Azul, de Benedito Seviero, Telefone Mudo, de Franco e Peão Carreiro,
e Sublime Renúncia, de Pery e Prado Júnior, canções cantadas até hoje em qualquer
karaoke do país. Oliveira então tentou convencer a dupla Marcos e Fernando a retomar
a carreira gravando um CD só com as mais pedidas. Eles não toparam, mas João Neto e
Frederico gostaram da ideia.
Oliveira fez então um CD com um compilado de 25 canções de “modão”, como são
chamadas as músicas clássicas sertanejas. De cambulhada, incluiu cinco canções da
dupla João Neto e Frederico, como Pega Fogo Cabaré, Meu Anjo e Pura Magia. “Assim, o
cara escutava Chitãozinho e Xororó, Zezé Di Camargo e Luciano e, opa!, também os
meus meninos”, conta Oliveira. “Sem saber, o público começava a gostar dos meus
artistas. Sem falar que eu concentrava em apenas um CD tudo o que o cara queria
escutar, sem precisar gastar com mais.” Para fazer seu produto, Oliveira não esconde
que montou uma central de pirataria, pois não pagava direito autoral para nenhum
artista. “Varávamos a madrugada copiando CD para depois ir distribuir aos feirantes
na manhã seguinte”, confirma Frederico. Os CDs eram deixados com os camelôs em
esquema de consignação.
Em seu Volkswagen Logus, Oliveira rodou por todos os estados do Brasil distribuindo
CDs piratas para feirantes e camelôs, e pagando jabás para as rádios tocarem as
músicas de sua dupla. Para economizar com hospedagem, dormia dentro do carro. Às
vezes, entregava os CDs diretamente na central de distribuição, que ficava no Paraguai,
na fronteira com o Paraná.