oráculo
Fontes: (^) (1) “The Bizarre Planets That Could Be Humanity’s New Homes”, em The Atlantic; (2) Maria Elizabeth Zucolotto, do setor de Meteorítica no Museu Nacional (UFRJ);
(3) Robles Velasco, FCF-USP.grupo de trabalho de meteoritos da Sociedade Brasileira de Geologia; (4) Relatório Anual 2021 do Observatório das Migrações Internacionais (OBMigra); (5) Maria Valeria
E sE fossE sEmprE dia?
@nicolasf, via Instagram
Vamos partir de uma premissa realista. Todos temos familiaridade com o fato
de que a Lua permanece sempre com a mesma face virada para a Terra. Esse fe-
nômeno se chama “travamento de maré”: o satélite natural gira em torno de si
(rotação) exatamente no mesmo período em que gira em torno da Terra (trans-
lação). Existem planetas assim. Eles possuem um hemisfério virado para a estrela,
em que é sempre dia, e outro em que é sempre noite. Não há estações do ano.
Essa é a maneira plausível de se obter um dia eterno no Universo como o conhe-
cemos. Por aqui, a temperatura no lado diurno poderia ultrapassar os 100 °C. A
água evapora e o calor torna a pressão atmosférica baixíssima. No lado oposto,
além do congelamento completo, a pressão aumenta. Essas diferenças meteo-
rológicas geram ventos fortíssimos entre os hemisférios. A maneira como o calor
circularia entre os hemisférios seria difícil de prever; simulações de computador
geram vários cenários conforme as características da atmosfera. Em geral, com
exceção de microrganismos, a vida seria inviável tanto no deserto frio como no
quente. É rocha de um lado, gelo do outro. Porém, pode ser que um planeta assim,
como o da ilustração, tenha uma faixa intermediária habitável, de eterno cre-
púsculo. As temperaturas amenas permitiriam água líquida e vida nesse anel.
Esses seres, sem dia e noite, não teriam ciclos circadianos como os nossos. (1)
Qual porcentagem de sua massa um meteorito
perde ao entrar na atmosfera terrestre?
Bruno Vidal, Rio de Janeiro, RJ
Entre 5% e 100%. A primeira variável é o tamanho: os
pequenos perdem uma porcentagem maior. Outra é a
composição química, já que os rochosos se desfazem mais
que os metálicos. Os rápidos perdem mais massa que os
lentos – a velocidade pode variar entre 10 km/s e 70 km/s.
Por fim, meteoritos aerodinâmicos chegam à superfície mais
inteiros que os de formatos antiquados. Lembre-se de que
um mesmo meteorito pode ser um Fórmula 1 numa extre-
midade e um treminhão de cana na outra; eles têm formas
aleatórias. Sendo assim, a orientação com que o meteorito
se aproxima do planeta e o ângulo de entrada na atmosfera
são essenciais. Não adianta ter uma extremidade pontiagu-
da e chegar com ela virada para trás. O meteorito que caiu
em Minas Gerais em janeiro (e acabou lavado com deter-
gente de limão) gerou muitas perguntas, então o Oráculo
fez uma dobradinha sobre o tema na pergunta à direita. (2)
Posso pegar para
mim um meteorito
que acabou de cair
do céu?
@mirla.vmenezes,
via Instagram
Pode sim, desde que o
viajante espacial caia no
seu jardim ou num local
público. Essas peças são
tratadas como res nullius
(“coisa de ninguém”)
- vale o mesmo para
um cãozinho de rua, por
exemplo. A falta de uma
legislação específica
favorece o comércio. No
Brasil, você pode vender
meteoritos livremente,
inclusive para museus e
colecionadores estrangei-
ros. Projetos de lei como o
n° 4471/2020, em trami-
tação na Câmara, buscam
garantir que a União seja
notificada sobre as que-
das e cientistas brasileiros
tenham acesso prioritário
às pedrinhas errantes. (3)
PERGUNTE
AO ORÁCULO
lista
De qual país o
Brasil recebe mais
imigrantes?
Há apenas 2.064 congoleses,
como Moïse Kabagambe.
Entre 2011 e 2020,
recebemos 971 mil pessoas.
Veja os campeões: (4)
Venezuela
(^1) 172.306
2
Haiti
149.085
3
BolíVia
55.640
4
ColômBia
53.802
Escreva para
[email protected]
mencionando sua cidade e
estado – ou mande a pergunta
via direct no Instagram.
5
estados unidos
37.715
6
CHina
35.590
60 super fevereiro 2022
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