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O
que comemos afeta a composição da popula-
ção de microrganismos de nosso aparelho di-
gestivo. O mais inusitado, porém, é que a flora
intestinal tem influência sobre o desenvolvimen-
to do cérebro e, portanto, sobre nosso comportamento. “Os
seres que vivem em nosso intestino fazem a interface entre a
alimentação e a genética”, afirma a neurocientista Jane Fos-
ter, da Universidade MacMaster de Hamilton, no Canadá. Ela
e seus colegas descobriram que os ratos de laboratório pri-
vados de bactérias intestinais são mais curiosos e menos cui-
dadosos – expondo-se assim a mais situações de risco – que
as espécies com colonização normal no intestino. Além disso,
verificaram que o fator de crescimento BDNF (brain derived
neurotrophic factor) se acumula no hipocampo de ratos de
laboratório e que, nesse meio-tempo, há variação da compo-
sição dos receptores na amígdala, área cerebral fortemente
envolvida nas reações de medo.
O contrário também é verdadeiro:
o estresse influencia a composição
bacteriana do trato intestinal. Ao ex-
por ratos de laboratório a uma situ-
ação estressante, a equipe dirigida
pelo microbiólogo Michael Bailey,
quando na Universidade do Estado
de Ohio, constatou que se multipli-
cavam determinadas espécies de
bactérias no intestino dos roedores.
Os pesquisadores registraram tam-
bém o aumento dos mensageiros
do sistema imunológico, por exem-
“A flora intestinal
faz a interface entre
a alimentação e a
genética”, afirma a
neurocientista Jane
Foster; ela descobriu
que os ratos de
laboratório privados
de bactérias intestinais
são menos cuidadosos
e se expõem a mais
riscos que os demais
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