Cláudia - Edição 695 (2019-08)

(Antfer) #1

claudia.com.br agosto 2019 21


felizmente, não encontrou resistência
do estúdio ou dos produtores. “Nós que
trabalhamos com cinema precisamos
nos questionar o tempo todo. Em 100
anos, praticamente só os homens ti-
veram chance de dirigir filmes. Este
é um momento empolgante, em que
talvez possamos abraçar a diversidade
e contar muitas histórias.”
Apesar do otimismo, Andrea sabia
que tinha que respeitar algumas re-
gras do jogo, pois a cobrança é maior
sobre as mulheres. Ficou atenta
para cumprir prazos e orçamentos e
também para não gritar. “Diretores
não são prejudicados por berrar no

coloquei na cabeça que ia encontrar
a diretora e convencê-la de que era
a pessoa certa para o papel”, conta.
“Gosto de desafios, especialmente
quando acham que eu não sou capaz.”
Nos quadrinhos, não havia uma
personagem negra. Todas eram brancas,
casadas com mafiosos irlandeses. “Mas
eu queria dar oportunidade a alguém
que não costuma ter esse tipo de chance:
uma atriz negra quando o papel origi-
nalmente é de uma mulher branca ou
uma comediante em um drama. Porque
sem isso ninguém consegue mostrar
o que é capaz de fazer”, diz Andrea,
referindo-se à escolha de Tiffany. E,

Elisabeth Moss, Melissa McCarthy e Tiffany
Haddish em cena de Rainhas do Crime, cuja trama
é baseada em uma história em quadrinhos

set, mas mulheres não podem fazer o
mesmo. Senão, tornam-se histéricas
e perdem seu poder. Até no pior dos
dias, tem que ficar calma e focada.”
Mesmo acreditando que Hollywood
está levando a sério o projeto de inclu-
são – e fazendo parte dele –, Andrea
destaca uma questão fundamental: o
público precisa assistir a esses filmes.
“Temos algumas produções dirigidas
e protagonizadas por mulheres sendo
lançadas este ano. E os espectadores
têm que ir vê-las porque, se não derem
dinheiro, não haverá outras. Então, se
você deseja uma mudança na cultura,
Foto precisa apoiar. É simples assim.”


divulgação

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