- Isso. Foi de tarde, ou de noite. Acho que foi de dia. Até que a embaixada abriu e
tudo se resolveu. - Você ficou sozinha muito tempo?
- É, fiquei.
- A noite inteira?
- Foi.
- Com cinco anos, sozinha numa cidade estrangeira a noite toda. Alguém ali
falava dinamarquês? - Não.
- Então você não tinha como falar com ninguém.
- Não, mas...
- Sim?
- Foram muito carinhosas. Eu me lembro das mãos delas.
- Das mãos delas?
- As mãos das adultas, as freiras. Umas mãos quentes, bronzeadas. Elas me
abraçaram. Me fizeram carinho no rosto. - Elas consolaram você?
- Sim.
- E o que você pensou?
- Não lembro.
- Não lembra? Tem certeza?
- Sim. Eu tinha cinco anos.
- Pois foi a primeira coisa que você me contou, e estive a ponto de não acreditar.
Era um pensamento elaborado demais para uma menina de cinco anos. - E o que era?
Henriette olhou para Eva como se costuma olhar para uma menina adorável, mas
difícil. - OK. Feche os olhos um instante. Não há nada que estimule tanto a memória
carla scalaejcves
(Carla ScalaEjcveS)
#1