- OK. Agora não consigo me lembrar.
- Não se preocupe com isso. Continue com os olhos fechados. Vamos dar um
salto enorme no tempo, para a frente, até a morte da sua mãe. - Por quê? – Eva se deu conta do tom de irritação na própria voz. Não tinha
vontade de falar daquilo. – Quero dizer... A gente não poderia falar do Martin?
Afinal, é por causa dele que tenho andado mal. - De fato, é mais fácil superar a dor daquilo em que costumamos pensar.
- Pelo visto, não no meu caso.
- A não ser que se trate de outra coisa, Eva. Agora eu gostaria que você se
concentrasse no dia em que sua mãe morreu. Você já me falou desse dia outras
vezes. - Então vamos ver se consigo me lembrar.
- Como foram as últimas horas da sua mãe?
- Ela estava preocupada.
- Com a morte?
- Não. Comigo. Com o jeito como seriam as coisas. Não parava de falar.
- O que ela dizia?
- Você sabe, o tipo de coisa que as mães dizem. As coisas com que eu precisava ter
cuidado. - Ela era sempre assim?
- Desde o que tinha acontecido em Roma, sim.
- Ela teve um trauma com o que aconteceu em Roma porque achava que tinha
perdido você para sempre? - Não sei se ela colocaria nesses termos. Simplesmente, não queria nunca me
perder de vista. - Então, sua mãe vigiava você.
- Ela cuidava de mim.
- Cuidava quanto?
carla scalaejcves
(Carla ScalaEjcveS)
#1