A Santa Aliança

(Carla ScalaEjcveS) #1

Estação Central de Copenhague – 19h53


Eva entrou no trem ainda pensando em Rico, em como a mão dele lhe tinha
roçado o traseiro, no que ele tinha dito sobre Martin. As lágrimas ameaçavam
voltar, mas ela lutou para reprimi-las. Porco! Maldito! “Que diabos ele sabe do
Martin?!”, pensou, na mesma hora que achou um assento livre no compartimento
do trem de subúrbio. Claro que o namorado não era um idiota louco para sair
atirando por aí! Martin era oficial, um homem de elevada moralidade, que
realmente acreditava que o mundo poderia ser melhor se fizéssemos alguma coisa
para isso, se agíssemos. Acreditava na justiça; acreditava que, por mais desesperada
que uma situação pudesse parecer, sempre havia uma luz no fim do túnel. Do
contrário, nós mesmos teríamos que acendê-la. Era o que ele tinha escrito na última
carta que mandou. No dia seguinte, uma mina o matou. Não, quem dera tivesse
sido assim. No dia seguinte, seu veículo blindado passou por cima de uma mina.
Martin morreu dezoito horas depois, numa mesa de operação. Para quê? A que
preço?, perguntava Eva, embora soubesse muito bem a resposta – um milhão
duzentas e setenta e nove mil coroas. Esse fora o preço acordado por um batedor do
Regimento da Guarda Real. Tinha sido o preço pago por Martin, a indenização.
Como se chega a uma quantia dessas? Como se calcula que esse é o preço de um
soldado morto?



  • Eva?
    Tal qual agora, ela se encontrava imersa em seus pensamentos quando ele a

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