mandíbulas e os dentes naquela mão. Mordeu, mordeu como uma fera,
atravessando a luva fina. Gosto de sangue na boa.
O homem não gritou. Limitou-se a grunhir antes de bater no próprio peito com a
outra mão. Uma vez. Duas vezes. Eva abriu a boca para respirar, e ele afastou a mão.
Ela tornou a gritar, e o outro lhe agarrou a mandíbula e apertou. Os lábios de Eva se
juntaram até se fecharem, e ele lhe espremeu o nariz com o polegar e o indicador e
lhe cortou a respiração. Baixaram-lhe as calças até depois dos joelhos. Pararam.
Depois a puseram de lado, tranquilamente, com muito profissionalismo, e lhe
amarraram as mãos com uma braçadeira de plástico. Eva não teve tempo de gritar.
De repente lhe cobriram a parte inferior do rosto com uma tira larga de fita adesiva.
Rodearam-lhe a cabeça com ela, como se Eva fosse um embrulho que era preciso
deixar bem fechado. A fita, muito apertada, lhe puxava o cabelo. A braçadeira se
cravava em seus punhos.
Só quando tentou mexer os pés percebeu que os tinham amarrado também.
Estava deitada de lado, mas continuava enxergando ali do chão. Viu como se
descontraíam; parecia que, para eles, o pior tinha passado. Um dos dois homens
tirou do bolso uma corda fina. Amarrou a corda às braçadeiras que envolviam as
mãos e pés de Eva, levou a corda até a cabeça dela e a enrolou no pescoço com
movimentos rápidos, como se já tivesse feito aquilo centenas de vezes. Uma volta,
duas voltas... A cordinha apertava o pescoço. Eva, para não sufocar, precisou deixar
os braços para trás o mais que pôde, apesar de estarem amarrados às costas. Eram
profissionais. Sabiam o que faziam, o jeito de amarrar um ser humano pelos pés e
pelas mãos para que fosse impossível mover-se, para que tivesse de despender todas
as forças em ficar quieto, em evitar as cãibras, em não tensionar a fina corda ao
redor do pescoço. O cara que ela havia mordido tirou a luva. Sua mão sangrava,
muito. O outro cobriu a ferida com a fita adesiva, rápido; estava acostumado a
estancar hemorragias. Olharam para ela. O homem cortou outro pedaço de fita e
cobriu com isso os olhos de Eva. Durante alguns instantes, o pânico se apoderou
carla scalaejcves
(Carla ScalaEjcveS)
#1