teria gostado de fazer algo por Rico. Mas o melhor seria não deixar rastro. Secou o
copo em que tinha bebido água. Vasculhou o chão, tentou lembrar onde tinha
estado, o que havia tocado. Não que isso tivesse muita importância; qualquer coisa,
podia dizer que tinha visitado Rico na semana anterior. E a moça que a tinha visto
de passagem, na entrada do prédio? Eva poderia dizer que tinha ido lá, mas que
Rico não abriu a porta. Ninguém desconfiaria dela. Eva não tinha motivo nenhum
para matá-lo.
Revirou as gavetas. Olhou debaixo da cama. Nada. Talvez os homens que
assassinaram Rico tivessem levado o celular. Haviam surpreendido Rico em casa, e
ele tinha resistido. Talvez tivesse escapado para a cozinha, onde se atracaram,
conseguido safar-se e fugido para o banheiro. Ou eles o arrastaram para o banheiro
e, ali, dispararam à queima-roupa. Os assassinos tinham fugido, mas antes haviam
corrido para a sala, onde estava o iPhone, em cima da mesa, e o tinham levado
embora. Era uma possibilidade realista? Eva a considerou. Sim, era provável. “Eva,
saia logo daqui.”
Vozes no patamar da escada. Enquanto corria para a cozinha, ouviu que a porta
do apartamento se abria. Uma voz de homem sussurrou:
- Tem gente aqui dentro.
Outra voz respondeu, mas aí Eva já tinha aberto a porta da escada de serviço e
começava a descer. A escada estava em mau estado. Não havia luz, e Eva teve que
seguir caminho às escuras. Ouviu ruídos às suas costas. Será que os homens a
estavam seguindo? Talvez. “Continue!” Mais os últimos degraus, e estaria do lado
de fora. Ar.
Olhou em volta. O pátio traseiro do prédio estava na penumbra. Havia várias
saídas. Correu para a mais próxima. Sentiu um momento de pânico ao pensar que
talvez os homens já estivessem à sua espera, mas não havia ninguém. Saiu do pátio.
Estava numa rua cujo nome desconhecia. Dobrou uma esquina, seguiu reto e,
pouco depois, deu num calçadão, a Købmagergade. Uma escadaria.