cochichavam, e ninguém olhava para Eva. Evitavam encará-la. É, seria ela quem iria
embora. Que repugnante convocar reunião com todos! No Berlingske, pelo menos,
eles a tinham chamado de lado. Ali queriam que as crianças a vissem chorar, partir
humilhada. Estava na sala dos funcionários, pensando se deveria revirar os casacos e
bolsas, roubar tudo o que pudesse e sair correndo de uma vez. Se de todo modo a
consideravam ladra, por que não levar tudo e sumir? Pelo vidro da porta, viu que
Kamilla estava prestes a entrar.
- Eva? – Fechou a porta atrás de si. Estavam sozinhas na sala dos funcionários.
- Já sei o que você vai dizer – disse Eva.
- Você já falou com a Anna?
- Não. Mas...
Eva hesitou. Tomara que tivesse tempo de falar a sós com Malte antes de a
demitirem!
Kamilla a olhou com ar preocupado e perguntou: - Você está bem?
- Não sei.
- O que acontece?
- É tudo, são as coisas de modo geral – respondeu Eva.
- É, têm sido uns dias muito tumultuados, mas agora as coisas vão melhorar.
Eva olhou para ela. - Eva... – Kamilla deu um passo à frente e baixou a voz. – O que eu contei outro
dia... Acho que posso confiar em você, não? - Sim, claro.
- Eu disse ao Torben e à Anna que não consigo conviver com a decisão que
tomaram aquele dia. Ou eu conto tudo, ou eles mudam as coisas. - Contar o quê?
- Que eles esconderam que tinham esquecido o menino lá na mata. Que ele
corria perigo de morte. O Torben acabaria despedido. A Anna também, quem