conversavam sobre as operações militares no Afeganistão: “Conhece o teu
inimigo”. Sun Tzu, um general chinês que tinha escrito um tratado fazia dois mil e
quinhentos anos. Era uma bíblia para Martin. O livro estava sempre em sua mesa
de cabeceira, era a única coisa que ele lia já havia muito tempo. “Conhece o teu
inimigo”, escreveu Sun Tzu. O que Eva sabia do seu? Que o mais provável era que
tivesse matado Brix; que sem nenhuma dúvida tinha matado Rico; e que também
estava atrás de Eva. Sabia ainda que ele havia levado uma mordida na mão esquerda
que ela mesma dera. E, a partir de agora, sabia que cara ele tinha. Precisava
identificá-lo, conhecê-lo!
- Merda! – exclamou em voz alta, e balançou negativamente a cabeça.
Um homem a olhou com severidade, como se fosse algum professor em sala de
aula; talvez Eva tivesse falado alto demais, mas o homem não sabia que ela acabava
de se dar conta de algo – que a primeira coisa a fazer seria voltar para casa. Sua
euforia tinha eclodido cedo demais, como brotos de videira que se abrissem com
deleite ao sol das tardes e morressem com geadas nem um mês depois. Ainda não
estava livre. Tinha de voltar para casa. Talvez seu assassino a estivesse esperando lá.
No entanto, precisava do passaporte, do carregador, do cartão MasterCard que o
pai havia insistido em lhe dar. O cartão cujo titular era ele, não ela. Eva Katz era um
nome que deixava qualquer caixa eletrônico fora de sistema e dava calafrios em
banqueiros.