Estação Central de Copenhague – 19h30
Havia dois estrangeiros fazendo fila atrás dela; ciganos, pelo que Eva deduzia do
aspecto e do jeito de falar. Dois homens impacientes. Queriam usar o telefone
público. Eva tornou a ligar. Até minutos antes, estava esperando o trem para
Hareskoven; mas, quando ele chegou, suas pernas se recusaram a embarcar. No
entanto, precisava de dinheiro. E o homem que tinha dinheiro enfim atendeu:
- Eva?
- Papai.
- Ah, Eva! Por que você não telefonou?
- Eu não tenho muito tempo. É importante que você preste atenção no que vou
dizer. Você entendeu? - Aconteceu alguma coisa?
- Estou trabalhando num caso.
- Caso? Que caso?
- Uma reportagem. É meio perigoso. Por enquanto, não posso voltar para casa.
- Bem, nós estamos na sua casa.
- Papai, quem são vocês para...?
- O portão do jardim não estava bem fechado – disse o pai, interrompendo-a.
Eva refletiu. Tinha se esquecido de trancar o portão do jardim? Não. Os outros
estavam lá dentro, esperando-a. Ouviu Pernille gritar ao fundo. - Você também esqueceu a luz acesa.