já vinham com o destino traçado. Eva desejou ter vivido naquela época, junto com
Barbara, que casou com um homem que ela não amava. O marido fora designado...
Eva deteve-se e releu aquilo com mais vagar. Obrigou-se a ler cada palavrinha: o
marido foi nomeado embaixador da Rússia em Copenhague. Copenhague! Queria
dizer que Barbara tinha estado ali, tinha passeado pela mesma rua do prédio onde
Eva estava sentada agora. Ainda que não por muito tempo. A saúde a obrigou a ir
mais para o sul do continente, onde se apaixonou por um capitão francês de
cavalaria...
- Cuidado com soldados – Eva sussurrou para Barbara. – Eles morrem.
Continuou lendo. De volta a Copenhague e a Barbara. Eva já quase conseguia
tocar a bela Barbe-Julie, como a chamavam, que queria o divórcio, mas cujo marido
não parecia estar a fim. Ela volta para a corte prussiana, onde o pai é embaixador.
Quando o czar Paulo – pai de Alexandre I – é assassinado, as coisas se complicam, e
Barbara escapa para Paris.
- Isso, leve-me com você! – sussurrou Eva. – Tire-me deste chatíssimo Estado de
bem-estar social e me devolva para uma época em que podia acontecer de tudo e em
que tudo acontecia mesmo.
Leu que Barbara conheceu então o escritor francês Chateaubriand e que um
homem que caiu morto aos pés dela a levou à conversão religiosa. A última coisa
que o sujeito viu foram os fantásticos olhos da baronesa. Barbe-Julie começa a
refletir sobre a vida, visita um camponês com poderes proféticos, faz viagens que a
levam a visitar todo o continente à procura do sentido de Deus e acaba
encontrando. Um belo dia, quando o czar Alexandre I, o homem mais poderoso da
Europa, está inclinado sobre a Bíblia, mergulhado nas mesmas preocupações que o
resto do continente, aparece a baronesa, e ela, durante três horas de conversa
privada, lhe apresenta sua visão. Durante todo esse tempo, o czar não para de
chorar; fica soluçando, de joelhos, como as pessoas costumam fazer quando
alcançam a iluminação. E, quando Alexandre viaja para Paris, leva seu novo oráculo.