sobrevivência da Instituição estava em jogo, de que se tratava de uma mulher
disposta a tocar fogo na civilização, Trane não tinha perguntado nada nem
esboçado a mínima reação. Bem, sim, havia assentido rapidamente com a cabeça, de
modo decidido. Trane estava pronto para resolver o problema; era o que se
estampava em seu olhar. Estava disposto a fazer o que fosse necessário. “Mas tenho
uma afeição indescritível por David”, pensou Marcus, e perguntou-se se tinha
dormido de verdade ali, dado o sentimentalismo em que de repente caía. Não, só
tinha tirado um cochilo.
- Marcus? – Trane enfim abriu a porta, sem bater, e entrou. A luz também
entrou, em profusão, e a silhueta de Trane surgiu no vão da porta. – Você está
acordado?
Marcus colocou as pernas para fora do divã e se levantou. - A jornalista – disse Trane, e ficou parado na porta. – Já sabemos onde ela está.
- Tem certeza? – perguntou Marcus, principalmente para ganhar um segundo
que lhe permitisse livrar-se da rigidez que se apossava do seu corpo. O divã era uma
merda de tão desconfortável. - Faz dois minutos, ela apareceu no meu notebook.
Marcus estava a ponto de perguntar por que, então, Trane não tinha vindo antes.
Dois minutos era muito tempo. O suficiente para Eva escapar.
Marcus entrou no pequeno escritório, mal iluminado por uma lâmpada de mesa,
pelos monitores na parede e pelo brilho azulado do notebook de Trane. - Aqui – disse Trane, e apontou um ponto na tela. – Nós a estamos monitorando
pelo LiveLink e podemos seguir todos os seus passos, desde que o celular esteja
ligado. Ela se registrou num hotel. O Leão. Você conhece?
Marcus fez que não e deu uma sacudida na cabeça. Não deu maior atenção às
palavras de Trane quando este disse: - Deve ser um daqueles lugares em que a gente pega doença venérea só de pisar na
recepção.