Distrito de Vesterbro, Copenhague – 23h
Tinha lido três vezes o torpedo: “Cara Eva. O retrato de Metternich está seguro
no Museu de História da Arte, em Viena. Tomara que isso lhe seja útil na pesquisa.
Cordialmente, Weyland”.
Aquilo era mesmo útil? Eva fechou os olhos. Naquele momento, não conseguia
avaliar. Mas sim, porque queria dizer que o assassinato de Brix não tinha nada a ver
com obra de arte; estava evidente que se tratava de uma cópia. Então, por que
tinham tirado o quadro da parede? Era alguma falsificação? Ou tinha a ver com
Barbara e as duas flechas, com a Santa Aliança? Pelo que tinha lido, a Aliança estava
morta e enterrada fazia muito tempo. Seria possível que, apesar de tudo, ela
continuasse viva? Não aparecia grande coisa sobre o assunto na internet, mas Eva
tinha lido que a Santa Aliança se tornara um grupo de cinco monarquias, e não
mais três ou quatro, e que tinha ainda a mesma missão: preservar a paz na Europa
com os soberanos, os escolhidos de Deus, no poder; e lutar contra a democracia e a
sociedade laica.
Agora nada disso tinha importância. Agora precisava dormir, pela primeira vez
em muitos dias. Depois pediria ajuda.
Mas o sono não vinha. “É questão de soltar as amarras”, pensou, “de parar de
resistir.” Sentou na cama. Sentia-se como se travassem uma batalha – o cansaço
contra o medo de que alguém aparecesse enquanto dormia. Uma porta bateu no
corredor; de resto, reinava o silêncio no hotel.