A Santa Aliança

(Carla ScalaEjcveS) #1

de algum dos outros pequenos. Piolho, impetigo, doenças diversas. Às vezes anotam
se o filho foi dormir tarde na noite anterior, para que saibamos que pode estar um
pouco mais ranheta que de costume. Esse tipo de coisa.



  • Entendi – disse Eva.

  • Também podem falar direto conosco, é claro, mas é uma instituição grande, e
    sabemos por experiência própria que pode ser difícil acompanhar tudo,
    principalmente de manhã. Se um mesmo professor recebe vinte recados de uma vez
    às sete e meia da manhã, é fácil cometer erros. Evitamos isso usando a agenda.
    Anna olhou para Kamilla, que a observava, esperando.

  • Bem, é melhor que eu vá indo – disse Anna, e saiu.


Eva tinha ficado sozinha com quinze crianças na sala. Até aquele momento,
nenhuma tinha sequer olhado para ela. Talvez o melhor que podia fazer fosse ficar
quieta, escondida até que aparecesse um professor de verdade. No corredor, perto
da entrada principal, viu Anna discutir com Kamilla aos sussurros. “Eu gostaria de
saber no que Kamilla pode ter flagrado Anna”, pensou Eva. Alguma coisa havia; do
contrário, Anna a teria posto no devido lugar. Naquele momento mesmo,
enquanto Anna recebia os policiais na porta, Kamilla olhava de braços cruzados, e
quase com desprezo, para a subdiretora. Anna olhou rapidamente para trás, para
Eva, que correu a prestar atenção às crianças e às mesinhas de madeira pintadas de
vermelho, com as cadeiras combinando. Na parede, um cartaz com recortes da


família real dinamarquesa. “A RAINHA MARGARIDA II COMPLETARÁ 73 ANOS EM 16 DE
ABRIL”, tinham escrito com giz de cera. “VIVA!” Na mesa, havia lápis de cor pequenos
e papel pardo.



  • Você tem formação?
    A voz vinha de baixo. Eva olhou para o chão. Uma menina lhe puxava as calças.

  • Formação?

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