Clube de Tênis de Hellerup, Grande Copenhague – 17h05
Não sem certo orgulho, Eva desceu do ônibus e percorreu os últimos quinhentos
metros até as quadras de tênis. Por mais que aquilo fosse café-pequeno e que ela não
tivesse conseguido nenhuma entrevista exclusiva, Eva tinha triunfado. Não fizera
tudo por telefone, como Lagerkvist disse que jamais deveria proceder. Tinha saído a
campo, encontrado algo que a polícia não vira e localizado o legista – ele estava no
clube de tênis, disse a filha quando Eva apareceu na casa deles. A filha também
contou que o pai dirigia um Mercedes Coupé prata. Eva logo achou o carro no
estacionamento e resolveu esperar Hans Jørgen ali, em vez de sair procurando por
ele na metade do terceiro set.
Esperou um bom tempo, sentada no meio-fio ao sol de primavera, ouvindo o som
meio enervante da bola contra as raquetes. Ao se sentar ali, Martin apareceu de
imediato em seus pensamentos. Sempre acontecia isso quando Eva ficava parada
sem fazer nada. Precisava manter-se em movimento, pensou, tinha que estar em
constante movimento. Como diziam, “deve-se afastar a tristeza com o esporte e o
trabalho”.
- Vê se descansa, Hans Jørgen.
- A gente se vê, velho.
Eva levantou os olhos. Hans Jørgen deu um rápido abraço no amigo antes de
jogar a sacola esportiva no porta-malas. Eva se pôs de pé. Precisava alcançá-lo antes
que ele entrasse no carro, pensou. O carro era um baluarte, um lugar de onde se