tocou.
- De Juncker?
- É, enquanto estávamos conversando. Depois de ter atendido, ele ficou
parecendo um cachorrinho que tivesse levado bronca. De repente, era ainda mais
importante que liberássemos o corpo. Não que isso tenha influenciado o meu
trabalho. Fizemos o que tínhamos que fazer, direitinho. Calculamos o ângulo de
disparo, coletamos sangue, essas coisas. Do jeito que fazemos sempre. - Mas vocês poderiam ter feito mais?
- Poderíamos, se a polícia tivesse suspeitas fundamentadas. É claro que, se tivesse
sido desse outro jeito, teríamos ficado semanas olhando e revirando o corpo. Mas
fazer autópsia é caro, e só quando pedem é que executamos todos os procedimentos
possíveis. - E você ficou surpreso por não terem pedido?
Ele refletiu sobre aquilo e acabou soltando a porta do carro. - Qual teria sido o procedimento habitual? – pergunta Eva.
- Quando existe suspeita de homicídio?
- Isso.
- Aí, sempre é preciso que o corpo passe pela mesa de dissecação. Uma autópsia
de cabo a rabo. Exame de sangue, de tecido, o toxicológico, fraturas, hematomas,
arranhões, lesões no cérebro. Tudo, enfim, que possa levantar dados sobre a causa
da morte. - Mas daquela vez não.
- Não.
Eva tomou fôlego. - Meu colega do Ekstra Bladet, Rico Jacobsen, me deu uma mão no começo desse
caso. Eu fiz algo que não devia. Furtei o telefone da irmã de Brix. Queria dar uma
olhada no tal torpedo que Brix mandou pouco antes da morte, mas o aparelho
estava bloqueado. Aí o Rico concordou em desbloquear para mim. Ele estava com o