- Sim, obrigada – disse Eva.
O lugar estava praticamente às escuras. Eva olhou fixamente para o monitor e
tratou de se concentrar. - Muito bem – pensou em voz alta. – O auxiliar de Rico.
O que Rico tinha mesmo dito? Que descobrira uma coisa bem grande. Mais: que
tinha a ajuda de um auxiliar devotado. Eva se lembrava do adjetivo porque havia
soado esquisito, antiquado, na boca de Rico. Será que esse devotado auxiliar sabia
algo a respeito dos inimigos de Eva?
Facebook – fonte inesgotável de dados pessoais. Quem somos. Quem
gostaríamos de ser. Onde estamos. Quem conhecemos. A Receita usava o
Facebook. A polícia também, e as autoridades que iam atrás de quem fraudava o
auxílio-desemprego. O Facebook era ajuda inestimável também para os jornalistas.
Por mais que Lagerkvist achasse o contrário, eles agora descobriam em minutos o
que antes exigia três dias de esforço.
Eva entrou no perfil de Rico no Facebook. Quatrocentos e cinquenta e cinco
amigos. Ele tinha estudado jornalismo em Århus. “Nossa, que surpresa”, pensou
Eva, sarcástica, e retomou a busca. Trabalhava no Ekstra Bladet desde 2005.
“Curtia” um monte de coisas, entre elas Bruce Springsteen, o Liverpool Football
Club, o sindicato nacional dos jornalistas, a revista Ræson, o Clube Enológico de
Copenhague, James Ellroy, John Fante, a casa editorial Ekstra Bladets e a
organização não governamental Save the Children. Havia bem poucas fotos. Eva as
examinou. Numa, Rico aparecia numa praia exótica de Chetumal, onde quer que
ficasse isso. Talvez no México? Algumas fotos do clube de vinho, em que se via Rico
bebendo junto a uma mesa comprida, com outras seis pessoas.
“Muito bem”, pensou, e clicou na lista de quatrocentos e cinquenta e cinco
amigos. Seria o auxiliar de Rico um deles? Talvez. Provavelmente. Eva olhou para
aquela lista de tantos nomes. Já podia descartar alguns? Não tinha certeza, mas
acabou se convencendo de que era pouco factível que o auxiliar estivesse entre os
carla scalaejcves
(Carla ScalaEjcveS)
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