A Santa Aliança

(Carla ScalaEjcveS) #1

Fredericiagade, Copenhague – 11h45


“É tudo tão complicado!”, pensou Eva quando chegou à Fredericiagade, rua que
era o ponto geográfico correspondente às coordenadas que Beatrice Bendixen tinha
dado, não muito longe de um café, o Oscar. Teria Brix feito sua última refeição e
tomado seu último copo de vinho ali? Teria depois saído do restaurante, jogado a
cabeça para trás e desfrutado os últimos raios de sol do dia?
Eva tornou a checar os números – sim, estava no lugar certo. Por que Rico tinha
se mostrado tão animado? Eva deu uma olhada nas lojas em torno. Casas de
tapetes. Antiquários. Móveis antigos. Uma joalheria. Nada que se pudesse
relacionar a Brix. “Mas por que logo aqui? Por que Christian Brix foi cortar
justamente neste lugar a conexão com o mundo exterior?”
Atravessou a rua. Entrou nos saguões para verificar as placas nas portas dos
escritórios. Uma editora de literatura infantil? Pouco provável. Agência de
modelos? Talvez. Mulher bonita e morte súbita sempre combinaram. Escritório de
advogados? Podia ser. É, podia. Olhou a placa de latão, que fazia todo o possível
para transmitir a ideia de que se tratava de uma empresa com tanta tradição quanto
músculo: “Classens ApS, Escritório de Advocacia”. Sem dúvida, Brix era um
homem que vivia precisando de advogado. Nunca faltam inimigos a quem tem
poder e recursos. Alguém em quem pisamos, alguém que se sentiu tapeado, alguém
que vem atrás de nós. “É, no fundo, advogado foi posto no mundo para isso
mesmo”, pensou Eva. Para ajudar os abonados a manterem longe os problemas.

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