Eva estava esperando que viesse um homem, não uma mulher. E, de todo modo,
não uma moça tão novinha como a que desceu do Polo vermelho e veio sorrindo ao
encontro de Eva. A corretora se chamava Lisa e parecia alguém que ainda deveria
estar estudando. Cabelo muito clareado, jaqueta esportiva azul, expressão corporal
quase excessiva.
- Está esperando faz muito tempo? – perguntou a corretora. – A gente espera os
outros casais?
Eva levou um susto. Os outros casais? Qual era o primeiro? Eva e Lisa? A ideia de
que moraria ali com aquela moça a perseguiu enquanto, indo atrás da corretora,
avançava para a casa. Felizmente, os outros casais apareceram e interromperam
esses pensamentos absurdos. Não houve apertos de mão. Todos se olhavam
desconfiados, como rivais numa disputa esportiva. - Agora só falta o último – disse Lisa. – Talvez seja esse que vem vindo ali.
Eva olhou para trás, para o homem que se aproximava com um sorriso bem largo. - Vocês são da visita guiada? – ele perguntou.
Conservou o sorriso ao olhar para Eva, que num instante perdeu todo o ânimo,
toda a vontade. Naquela fração de segundo, o medo se propagou por todo o seu
corpo como um tremor. Não tinha certeza de quem fosse o homem, mas estava
quase certa de que era um deles. Eles. Parecia-se com eles. O cabelo cortado à
escovinha, o olhar... Como a tinham achado? Sabiam onde estava morando? - Bem, e se você entrar primeiro? – disse a corretora a Eva, e lhe deu um
empurrãozinho para que entrasse no vestíbulo.
“E agora?”, pensou Eva. Ele não podia matá-la ali, diante de três mulheres e dois
homens. Pensamento repentino: e se estivessem todos envolvidos? Eva se deteve no
vestíbulo; os outros entraram atrás. Estava encurralada. Não tinha como sair. - São três pavimentos – explicou a corretora.
Cada um dos dois casais conversava entre si, cochichando. Uma mulher
repreendeu o marido. Não, não estavam mancomunados; o homem do cabelo à