bairro bom. Abonado. Nobre. Aqui é a sala. Muita luz. E trocaram o verniz das
tábuas do soalho no ano passado.
O olhar de Eva percorreu a sala vazia. O único vestígio de que um quadro já tinha
estado ali era o halo amarelado no papel de parede branco.
- E refizeram o telhado em 2011 – disse Lisa, que procurou o olhar de Eva. –
Você está se sentindo bem?
Eva percebeu que tinha se aproximado da parede e que estava passando a mão
pela superfície rugosa. - É só que... Havia um quadro pendurado aqui. Uma tela.
Lisa, sem saber o que dizer, sorriu. Eva olhou para o homem do cabelo rente. Ele
já não sorria. - Por que tiraram?
- Não entendi.
- No anúncio que estava no site – disse Eva. – Entrei lá para ver as fotos da casa, e
no dia seguinte a foto com o quadro tinha sido trocada por outra. Essa nova foto foi
tirada praticamente do mesmo ângulo, só que sem o quadro. Você sabe por que
fizeram isso? – perguntou, e logo acrescentou: – É só curiosidade minha.
Lisa deu de ombros. - Você veio para ver obra de arte ou para comprar casa?
Os outros riram. E, agora que eles se afastavam, o homem se aproximou de Eva.
Lisa olhou para os dois. - Vocês vêm? – ela disse, e, um pouco impaciente, chamou com a mão.
Dessa vez foi Eva quem se adiantou escada acima, até o piso superior. Foi a
primeira a entrar no estúdio. No centro do cômodo, havia uma escrivaninha –
bonita, antiga, escura. - O dono usa o estúdio como home office. Mas também pode ser um quarto de
criança simplesmente fantástico – disse a corretora, e olhou só um instante para a
barriga de Eva, uma rápida checagem para ver se havia algum indício, por ínfimo