Atravessou a rua. Sentiu uma dor terrível na perna direita, ali onde o carro o
tinha atingido. Um motorista buzinou. Olhou com raiva para Marcus.
Ao chegar ao porteiro eletrônico, hesitou. Na capital, havia mais de um abrigo de
mulheres. Por que Eva estaria justamente naquele? Porque estava desesperada e
tinha de agir com rapidez. Em qualquer situação, Eva, assim como Marcus,
escolheria a primeira coisa que lhe ocorresse. O Danner, o mais conhecido. Perto
do hospital. É, Eva só podia estar ali. Tocou a campainha.
- Sim?
Uma voz de mulher, hostil. Acima do portão, uma câmera vigiava Marcus. - Eu...
- Em que posso ajudar?
- Uma mulher que está morando aqui. Ela corre perigo – disse Marcus, e na
mesma hora percebeu quanto aquilo tinha soado bobo. - Vou ter que pedir que o senhor se afaste do portão. Do contrário, vamos
chamar a polícia. - Preste atenção, por favor. Não sou um deles – disse, e travou. Ele não era
mesmo. Não era um daqueles homens que agridem mulher, incapazes de amar
porque a mãe e o pai não os queriam. Não, tinha amarrado Eva porque a Instituição
era mais importante. Porque Eva estava disposta a tocar fogo em tudo o que
representava paz e amor. - Já chamamos a polícia.
- É só um momento. Eu só quero saber se está com vocês uma mulher que se
chama Eva. É muito bonita. Cabelo castanho, olhos verdes. Deve ter, se muito,
trinta anos. Diga que estão atrás dela. Que eu sou o único que pode protegê-la. Que
ela ainda não entendeu o quanto eles são poderosos. Diga que vou esperá-la... –
Marcus teve um branco. Onde poderia ficar à espera de Eva? – Diga que vou
esperá-la no bar onde a gente se viu da primeira vez. Diga que quero ajudar. Oi?
Ainda está aí?